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  1. A lição de Hugo Cabret

    13 de março de 2012



    “Monsieur Labisse me deu um livro. Ele(o livro) tem um propósito. Tudo tem um propósito. Até as máquinas:os relógios dizem as horas;os trens levam a lugares. Servem seus propósitos. Por isso as máquinas quebradas me deixam triste. Não servem a seus propósitos. Talvez seja assim com as pessoas. Perder o nosso propósito é como estar quebrado. Eu imaginava o mundo inteiro como uma grande máquina. Máquinas nunca vêm com todas as peças extras, você sabe. Elas sempre vêm com a quantidade exata de que necessitam. Então percebi que, se o mundo inteiro era uma grande máquina, eu não poderia ser uma parte extra. Eu tive que ficar aqui por algum motivo.”

    Este é talvez o diálogo mais marcante no filme A INVENÇÃO DE HUGO CABRET, do diretor Martin Scorsese, que assisti no último final de semana. É um pensamento que Hugo divide com a amiga Isabelle do alto do relógio da estação ao olhar para Paris, em mais uma das bonitas cenas do “filme infanto-juvenil” para adultos.

    A fala nem é tão original assim, uma vez que já ouvimos inúmeras vezes em livros, cinema, televisão ou palestras, reflexões sobre “o propósito de cada um de nós no mundo”. Mas se encaixa perfeitamente dentro da metáfora criada para o enredo do filme que conta a história de um menino órfão que trabalhava cuidando das engrenagens dos relógios de uma estação de trem. O que mais marcou, porém, foi a cena real que presenciei na saída da sala do cinema.

    Mãe e filha que estavam sentadas na mesma fileira que eu e assistiam empolgadas ao longa, vencedor de 5 prêmios Oscar, acabaram fazendo do diálogo entre Hugo e Isabelle um momento de aprendizado de uma lição. Já durante o filme a filha, que devia ter uns 4 ou 5 anos, fazia perguntas e observações como esta: “Olha mamãe: ele gostou dela e ela gostou dele”, durante a engraçada cena em que o inspetor da estação tenta se aproximar da florista da estação com um sorriso forçado.

    Ao sair da sessão a mãe aproveitou a deixa e perguntou à menina: “Você viu filha? Todos nós temos um propósito no mundo.” Ao que a filha indagou: “Onde mamãe?”. “No filme”, respondeu a mãe. A menina lembrou empolgada: “Vi! E qual é o meu propósito, mamãe?”. Deu pra imaginar a ponderação da mãe num desses momentos em que a criança faz uma pergunta difícil, não deu?Depois de uma breve pausa a mãe respondeu: “Você vai descobrir com a vida, minha filha”.

    É uma pergunta que geralmente fazemos pela primeira vez lá pelos anos da adolescência e que aquela menina acabou antecipando por causa do filme. E talvez fosse a resposta mais simples e palpável para uma criança.

    Mas eu, com essa minha mania de pensar, tentei encontrar uma resposta para A GRANDE QUESTÃO DA VIDA, e eis um esboço: “Você vai procurar e em vários momentos vai acreditar ter encontrado. Mas depois vai ver que aquilo não te basta. Vai encontrar novamente e ficar satisfeito por um tempo. Depois vai acreditar que precisa procurar mais. E vai continuar procurando, talvez pelo resto de sua vida. Provavelmente por que não deve existir apenas um grande propósito, ou ainda, por que o nosso grande propósito no mundo seja a busca constante por um”.



  2. 2 comentários:

    1. Jader Moraes disse...

      Esse diálogo inicial é realmente espetacular. Adorei o filme e achei este trecho o auge.

    2. Unknown disse...

      Muito legal! Reflexão interressante,a sua!