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  1. * Publicado no jornal Brasil de Fato, em 8/1/2014 

    TRADIÇÃO Resgate à memória do samba é a proposta do grupo Samba de Lei, que lota a região da zona portuária toda semana 

     O nome do grupo diz muito sobre o que acontece todas as sextas-feiras no palco que se tornou a base da Pedra do Sal, no Largo da Baiana, na Zona Portuária: Samba de Lei. É quase uma palavra de ordem seguida pelos frequentadores de uma das rodas de samba populares mais conhecidas do Rio.

     O público dança e canta os sambas levados com zelo pelos músicos. "Em poucos lugares se vê tanta gente escutando boa música de forma tão democrática. Nesse mar de gente, pessoas de todos os lugares, todas as classes e todos os credos cantam uma só o voz", afirma Thiago Torres, sambista que comanda a roda.

    O que Torres chama de "boa música" é o repertório escolhido a partir de um "mergulho" em mais de cem anos de história do samba. A roda começa ao cair da tarde com sambas antigos, praticamente desconhecidos, que o público acompanha atento, numa espécie de aula musical.

    "Nossa intenção valorizar essa arte da forma mais ampla possível", explica Thiago Torres, que na última sexta-feira abriu a roda com o samba "O meu nome já caiu no esquecimento", do sambista precursor Paulo da Portela.

     À medida em que a noite avança e o local começa a ficar lotado de gente, sambas mais recentes se incorporam ao repertório de canções das Velhas Guardas. De Chico Buarque, com canções como "Deixa a menina" e "O Meu Guri", passando por Paulo César Pinheiro, com "Oxóssi", de influências afro-brasileiras, chegando à Moacyr Luz, com "Saudades da Guanabara".

    "Não dispensamos o calor do público cantando sambas mais conhecidos e atuais", pondera o músico, que também incluiu alguns sambas-enredo do Império Serrano na apresentação.

    Criado há cerca de 4 anos, o Samba de Lei é formado por sambistas egressos do bloco de carnaval Boitolo. Com a criação do grupo, os músicos passaram a tocar na ladeira da Lapa, às sextas-feiras.

    Impossibilitados de continuar no local, os músicos buscaram um novo espaço. Com a ajuda dos proprietários da Bodega do Sal, bar localizado aos pés da Pedra do Sal, que até hoje patrocina a roda gratuita, os sambistas puderam se estabelecer ali, há três anos e meio.

    Integram o Samba de Lei os músicos Thiago Torres, voz e cavaquinho, Wagner Silveira, pandeiro, Maicon Salles, surdo, Kaka Nomura, percussão, Marcio Kalunga, percussão e Wando Cordas, violão de 7 cordas.


    Músicos do Samba de Lei ensinam percussão na Pedra do Sal

    ENSINAMENTO Grupo Moça Prosa, formado por sambistas mulheres, é fruto da oficina 

     Da observação de que muitos dos frequentadores das rodas de sexta-feira levavam instrumentos para tocar, é que os percussionistas Wagner Silveira e Maicon Salles tiveram a ideia de montar uma oficina popular de samba.

    A oficina de percussão da Pedra do Sal foi criada há dois anos e, este ano, já oferece aulas de cavaquinho. Todas as terças-feiras, à partir das 19 horas, os músicos transmitem um pouco do conhecimento que adquiriram com anos de experiência no samba.

    "Montamos uma apostila aberta com os fundamentos das variações existentes de samba, como partido alto, samba canção, marcha, breque", afirma Wagner Silveira, explicando que para aprender samba, gostar é o primeiro passo.

    A oficina já deu frutos: o grupo Moça Prosa, apenas com integrantes mulheres, já se apresenta profissionalmente, a partir dos ensinamentos da oficina. As aulas são abertas e o preço é de R$ 20 por aula ou R$ 60 por mês.

    Para o carnaval, os instrutores planejam a criação de um bloco formado por aprendizes e outros ritimistas, que vai desfilar pelas ruas da zona portuária. "Queremos botar o samba pra frente, ajudar a difundir esta cultura", afirma Silveira.

    O projeto já extrapolou também os limites da Pedra do Sal. Desde o ano passado, acontece no Vidigal, uma oficina de samba só para mulheres vítimas de violência doméstica.

    SERVIÇO

    Dia: Todas as sextas-feiras
    Horário: 19 horas
    Local: Largo da Baiana, Gamboa, Zona Portuária
    Preço: Gratuito

  2. Desejos para 2014

    2 de janeiro de 2014

    Da série "Recebi no e-mail", com atribuição de autoria a Dom Hélder Câmara, mas será????!!!??? Se souber da autoria, me avise nos comentários.
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     Nesse ano que se inicia, não desejo paz! Melhor dizendo, não tanta paz assim. Até porque paz em demasia gera inércia. Cria ranço, limo e pança. A paz mais profunda é a morte. Nas palavras de Guimarães Rosa, a “indesejada das gentes”. E essa, vamos combinar, torcemos para que não venha no próximo ano. E Deus queira, nem tampouco, no outro e, nem ainda, no seguinte...

    Desejo sim, a coragem para enfrentarmos e superarmos os desafios e provações com os quais vamos topar ao longo desse ano.Diante das tempestades que a existência trouxer nesse ano, e não nos iludamos, ela há de trazer, que possamos nos manter resilientes, centrados e confiantes.
    Que a prosperidade venha, mas acompanhada de simplicidade e desapego, para não ficarmos soberbos e consumistas a ponto de continuarmos exaurindo os recursos do planeta e de nos afastarmos, temerosos e defensivos, dos nossos semelhantes.

    E ao invés de sucesso, que Deus nos dê trabalho e humildade. E também força nas mentes e nos braços para realizarmos nossos sonhos. Desejo que esses sonhos possam ser construídos com diversas mãos.

    Troco, sem regatear, a tranquilidade amorfa pela coceira da inquietação. Comichão que gere inconformidade diante das injustiças e comprometimento sincero com um mundo melhor, mais acolhedor e solidário.

    Quanto à saúde, que possamos ter o discernimento necessário para cuidarmos bem dela e de nos lembrarmos de que não adianta nada termos um corpo sarado, malhado ou funcional se nossos pensamentos, sentimentos e atitudes estiverem neurotizados, doentes.

    Desejo que tenhamos alegrias, mas na medida certa, só o suficiente  para não nos tornarmos melindrosos e mimados. Que ela nasça da nossa tolerância às frustrações e, por serem assim, alegrias mais fundas. E que possamos, alegres ou tristes, nos manter receptivos, alertas e humildes. Cientes que, tal qual o ano, isso também passará.


    Desejo à todos nós muito amor. Esse, sem nenhum porém ou senão. Não falo de um amor cinderelizado, fantasioso, idealizado. Desejo, sim, bons amores e amores reais. Explico-me: chamo de “Bom Amor” aquele que transforma, que nos leva, através do encontro com o outro a descobrirmos e expressarmos os nossos melhores potenciais. E com amores reais quero dizer a capacidade de aceitar os outros como eles são e não querer modelá-los ao nosso “leito de Procusto*”. Desejo, nesse aspecto, que façamos escolhas, cada vez mais, generosas, conscientes e gentis.

    E que sintamos também o latejar da curiosidade para experimentarmos jeitos novos e originais de se relacionar conosco e com os outros.

    Desejo que os dias desse novo ano nos traga as experiências necessárias ao nosso crescimento espiritual.  Tenho esse desejo, para você e para mim. Supérfluo desejo esse, porque se pensarmos com mais serenidade e despojamento, sacaremos que é assim que acontece, sempre! Então, o que anseio mesmo é que possamos ter a sabedoria para não demorarmos muito a perceber isso, a tempo de aproveitarmos e rirmos com as ironias da vida.

    Que possamos ter, enraizada, em nossos corações, a gratidão diante das infinitas bênçãos visíveis e, principalmente, por aquelas invisíveis graças, muitas vezes travestidas de infortúnios, que recebemos ao longo dos 365 dias do ano.

    Que 2014 seja do tamanho do seu Eu verdadeiro!


    * Procusto – personagem da Mitologia Grega que sequestrava as pessoas que passeavam, desavisadas, pelo bosque onde morava, e colocava-as em um dos seus dois leitos. Aqueles que eram pequenos, ele ajeitava no leito maior, mas, para isso, esticava-os até a morte. E os de estatura maior, ele colocava no leito pequeno, só que, para isso, amputava-lhes as pernas.