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  1. As frases do Millôr

    29 de março de 2012

    A esse mestre das palavras, Millôr Fernandes, minha admiração com uma seleção de frases irônicas, engajadas, céticas, engraçadas, ácidas, sábias, virtuosas, polêmicas, enfim, iluminadas:

    "Em geral as pessoas que se perdem em pensamentos é porque não conhecem muito bem esse território."

    "O mal de se tratar um inferior como igual é que ele logo se julga superior."

    "Os nossos amigos poderão não saber muitas coisas, mas sabem sempre o que fariam no nosso lugar."

    "A girafa, calada, lá de cima vê tudo e não diz nada."

    "Metade da vida é estragada pelos pais. A outra metade, pelos filhos."

    "O homem é um animal que adora tanto as novidades que se o rádio fosse inventado depois da televisão haveria uma correria a esse maravilhoso aparelho completamente sem imagem."

    "De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência."

    "Por mais violento que seja o argumento contrário, por mais bem formulado, eu tenho sempre uma resposta que fecha a boca de qualquer um: vocês têm toda a razão."

    "Se uma imagem vale mais do que mil palavras, então diga isto com uma imagem."

    "O melhor movimento feminino ainda é o dos quadris."

    "Gastronomia é comer olhando pro céu."

    "Toda uma biblioteca de Direito apenas para melhorar quase nada os dez mandamentos."

    "Há homens que devem à esposa tudo o que são, mas em geral, os homens devem à esposa tudo o que devem."

    "Algumas pessoas matam. As outras pessoas se satisfazem lendo a notícia dos assassinatos."

    "Todo homem nasce original e morre plágio."

    "Eu não quero viver num mundo em que não possa fazer uma piada de mau gosto."

    "Você pode evitar descendentes. Mas não há nenhuma pílula para evitar certos antepassados."

    "Quão maravilhosas as pessoas que não conhecemos bem."

    "O mal do mundo é que Deus envelheceu e o Diabo evoluiu."

    "A ocasião em que a inteligência do homem mais cresce, sua bondade alcança limites insuspeitados e seu carácter uma pureza inimaginável é nas primeiras 24 horas depois da sua morte."

    "Você está começando a ficar velho quando, depois de passar uma noite fora, tem que passar dois dias dentro."

    "As pessoas que falam muito acabam sempre contando coisas que ainda não aconteceram."

    "Não é que com a idade você aprenda muitas coisas; mas você aprende a ocultar melhor o que ignora."

    "O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde."

    "Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida, aprender a ficar calado."

    "Cada ideologia tem a inquisição que merece."

    "Sim, do mundo nada se leva. Mas é formidável ter uma porção de coisas a que dizer adeus."

    "O desespero eu aguento. O que me apavora é essa esperança."

    "Você pode desconfiar de uma admiração, mas não de um ódio. O ódio é sempre sincero."

    "O coração tem imbecilidades que a estupidez desconhece."

    "Esnobar é exigir café fervendo e deixar esfriar."

    "Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor."

    "Paz na terra aos homens de boa vontade. Isto é, paz para muito poucos."

    "O que esse país realmente precisa é que alguém apague a luz no fim do túnel."

    "Toda alegria é assim: já vem embrulhada numa tristezinha de papel fino."

    "E convém não esquecer que bitributação é quando arrancam seis vezes o dinheiro do cidadão. Pois o normal já é tributação."

    "Não devemos resisitir às tentações: elas podem não voltar."

    "Viver é desenhar sem borracha."

    "Viva o Brasil onde o ano inteiro é primeiro de abril!"

    "Depois de bem ajustado o preço, a gente deve sempre trabalhar por amor à arte."

    "Criança é esse ser infeliz que os pais põem para dormir quando ainda está cheio de animação e arrancam da cama quando ainda está estremunhado de sono."

    "Dizem que o Governo, depois de proibir ao cidadão comum usar armas, vai proibir ao Exército possuir armas de uso exclusivo dos traficantes."

    "Nunca faço planos pro futuro, mas ele faz cada um pra mim..."

    "Ser gênio não é difícil. Difícil é encontrar quem reconheça isso."

    "Certas coisas só são amargas se a gente as engole."

  2. Coluna "Sempre na estrada" (2)

    22 de março de 2012

    Confira novo texto da coluna 'Sempre na estrada' no blog Oi Preguica!.

  3. A lição de Hugo Cabret

    13 de março de 2012



    “Monsieur Labisse me deu um livro. Ele(o livro) tem um propósito. Tudo tem um propósito. Até as máquinas:os relógios dizem as horas;os trens levam a lugares. Servem seus propósitos. Por isso as máquinas quebradas me deixam triste. Não servem a seus propósitos. Talvez seja assim com as pessoas. Perder o nosso propósito é como estar quebrado. Eu imaginava o mundo inteiro como uma grande máquina. Máquinas nunca vêm com todas as peças extras, você sabe. Elas sempre vêm com a quantidade exata de que necessitam. Então percebi que, se o mundo inteiro era uma grande máquina, eu não poderia ser uma parte extra. Eu tive que ficar aqui por algum motivo.”

    Este é talvez o diálogo mais marcante no filme A INVENÇÃO DE HUGO CABRET, do diretor Martin Scorsese, que assisti no último final de semana. É um pensamento que Hugo divide com a amiga Isabelle do alto do relógio da estação ao olhar para Paris, em mais uma das bonitas cenas do “filme infanto-juvenil” para adultos.

    A fala nem é tão original assim, uma vez que já ouvimos inúmeras vezes em livros, cinema, televisão ou palestras, reflexões sobre “o propósito de cada um de nós no mundo”. Mas se encaixa perfeitamente dentro da metáfora criada para o enredo do filme que conta a história de um menino órfão que trabalhava cuidando das engrenagens dos relógios de uma estação de trem. O que mais marcou, porém, foi a cena real que presenciei na saída da sala do cinema.

    Mãe e filha que estavam sentadas na mesma fileira que eu e assistiam empolgadas ao longa, vencedor de 5 prêmios Oscar, acabaram fazendo do diálogo entre Hugo e Isabelle um momento de aprendizado de uma lição. Já durante o filme a filha, que devia ter uns 4 ou 5 anos, fazia perguntas e observações como esta: “Olha mamãe: ele gostou dela e ela gostou dele”, durante a engraçada cena em que o inspetor da estação tenta se aproximar da florista da estação com um sorriso forçado.

    Ao sair da sessão a mãe aproveitou a deixa e perguntou à menina: “Você viu filha? Todos nós temos um propósito no mundo.” Ao que a filha indagou: “Onde mamãe?”. “No filme”, respondeu a mãe. A menina lembrou empolgada: “Vi! E qual é o meu propósito, mamãe?”. Deu pra imaginar a ponderação da mãe num desses momentos em que a criança faz uma pergunta difícil, não deu?Depois de uma breve pausa a mãe respondeu: “Você vai descobrir com a vida, minha filha”.

    É uma pergunta que geralmente fazemos pela primeira vez lá pelos anos da adolescência e que aquela menina acabou antecipando por causa do filme. E talvez fosse a resposta mais simples e palpável para uma criança.

    Mas eu, com essa minha mania de pensar, tentei encontrar uma resposta para A GRANDE QUESTÃO DA VIDA, e eis um esboço: “Você vai procurar e em vários momentos vai acreditar ter encontrado. Mas depois vai ver que aquilo não te basta. Vai encontrar novamente e ficar satisfeito por um tempo. Depois vai acreditar que precisa procurar mais. E vai continuar procurando, talvez pelo resto de sua vida. Provavelmente por que não deve existir apenas um grande propósito, ou ainda, por que o nosso grande propósito no mundo seja a busca constante por um”.



  4. (Auto) Negação

    7 de março de 2012

    Não demonstrarei meus afetos displicentemente. Nem falarei o que penso quando acreditar ser importante. Não falarei sobre as notícias da revista de fofocas. Nem tampouco dos altos e baixos da economia e da política. Me calarei por discrição. Não deixarei tocar meu celular e nem falarei mais em reuniões quando achar necessário expor minha opinião. Mesmo assim, não emudecerei. Não. Não olharei com desejo salutar as belas moças que passam num doce balanço a caminho de qualquer lugar. Nem pra minha moça olharei com desejo verdadeiro e apaixonado. Nem cego serei. Ser romântico será proibido, e cético em relação aos meus sentimentos também o será. Negarei crer em Jesus, na Eucaristia ou em Nossa Senhora Maria. E fé na ciência, e todas as suas provas científicas, tampouco terei. Negarei todo sinal da cruz e ave-maria (pura superstição). E em todo avanço comprovado nas descobertas da evolução das espécies desacreditarei. Não enxergarei música. Nem escutarei a voz de Deus nas paisagens mais belas. Nem pensar. Não acolherei as pessoas que se aproximam de mim, pois elas podem não ser aquilo que eu penso. Independente de raça, credo, ou gênero dentre os diversos que existem, não as acolherei. Nem todas as pessoas são tão boas quanto eu cismo em notar que são. “E o mundo não é cor de rosa” (tentam sempre me convencer). Não terei convicção de mais nada. E nem tão pouco relativizarei. Não sonharei, pois quem sonha não pisa os pés firmes no chão da realidade. Nem à dura e cruel realidade me apegarei. Não serei eu: inquieto, contraditório. Uma negação de mim; niilista às avessas. Pois nem sei na verdade quem eu sou.

    P.S.: A palavra “não” (advérbio de negação) tem a força de um verbo de ação. Daqueles que podem paralisar, fazer pensar, obstruir e até intensificar o desejo pelo proibido se transformando em afirmação. Desde pequenos ao ouvirmos da boca de nossos pais, o “não” tem a força de nos enquadrar naquilo que é socialmente aceito. É de fato importante para a educação. Mas o “não” sem reflexão se torna uma imposição acéfala a qual respondemos automaticamente.

    *Ouvindo “Eu não sei na verdade quem eu sou” (Fernando Anitelli - O Teatro Mágico) e “Garota de Ipanema” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)


  5. Panela do samba

    4 de março de 2012

    Escrevo este post ouvindo uma boa seleção de um canal do youtube. Ao ver e ouvir os vídeos notei que todos os artistas deste estilo parecem se conhecer, pois em algum momento eles se encontram pra cantar alguma coisa juntos. Os velhos sambistas recebem os velhos amigos, ou abrem a "casa" pra jovens no estilo. Os jovens estão sempre fazendo alguma parceria, compondo uns pros outros, cantando em shows e dvd's. Todos estão sempre, de alguma forma, homenageando aqueles sambistas que já morreram. É uma grande panela onde até se misturam outros estilos: rockeiros, artistas da mpb e do axé estão sempre se infiltrando e fazendo alguma parceria. Por essas e outras que na minha lista de belos duetos da música brasileira não podia faltar o samba. Parece que ele existe mesmo pra reunir as pessoas.