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  1. SAMBA E FÉ Roda do Sambastião nasceu de uma promessa ao santo e se consolidou na amizade dos integrantes


    O padroeiro da cidade do Rio de Janeiro abençoa a Roda do Sambastião, que acontece uma vez por mês, na praça Luís de Camões, na Glória. Fruto de uma promessa feita por um dos músicos, a roda teve sua primeira edição na semana de 20 de janeiro de 2012, e está prestes a completar 3 anos como uma das rodas populares que mais respaldo tem entre os bambas do samba.

    Tudo começou em 2011, quando o músico Marcelo Gimenez, o Paxú, teve um grave problema de saúde. Ainda no hospital, ele prometeu a São Sebastião que, caso fosse curado, faria uma roda de samba no bairro onde foi criado.

    "A intenção era fazer apenas uma roda, mas os moradores e amigos pediram a segunda, a terceira. Desde pequeno eu frequentava as festas de São Sebastião que aconteciam na praça do Russel e me tornei devoto", lembra.

    Com o passar dos anos outras histórias de superação se uniram à de Paxú, e hoje em dia a reunião mensal é sagrada. A roda tem inclusive um samba, o "Hino da Roda", composto por Raphael Moreira, Thiago Freitas e Vinicius Oliveira, que diz: "Hoje tem samba na praça / Hoje tem flecha no ar / É Oxossi quem nos guia", cantada para o orixá que é São Sebastião no sincretismo.

    A roda não tem sábado fixo para acontecer. Os organizadores do evento costumam dizer que ela acontece "no melhor sábado do mês". Por isso, é importante acompanhar a página da Roda do Sambastião no facebook, onde as datas são divulgadas.

    RESPALDO DE BAMBAS


    Ataulpho Alves Júnior e os músicos do Sambastião
    Foto: Divulgação

    A Roda do Sambastião é apadrinhada pelo cantor Ataulpho Alves Jr., filho do sambista precursor Ataulfo Alves, cantor e compositor de grandes pérolas do samba e da MPB como "Ai, que saudades da Amélia", "Laranja Madura", "Atire a primeira pedra", entre outras.

    Também morador da rua do Russel, Ataulpho é um padrinho exigente mas orgulhoso dos apadrinhados. "Quando o Paxú me falou sobre a idéia, eu disse: 'se for para fazer roda de samba de brincadeira eu não apoio. Eu coopero se for a vera'. Era 'a vera' e hoje a roda está ficando cada vez mais bonita. Eu fico orgulhoso e levo o nome dessa roda onde puder", garante.

    O padrinho não é o único que atesta a qualidade da roda. Já frequentaram o Sambastião os bambas Monarco, Noca da Portela, Wilson Moreira, Dorina, entre outros.

    UMA RODA DE AMIGOS


    A amizade é a marca principal da Roda do Sambastião. Grande parte dos músicos nasceram ou foram criados ali na rua do Russel e, por isso, a afinidade transparece no clima familiar da roda.

    Os amigos músicos que integram o Sambastião são Raphael Moreira, pandeiro e voz, Marcos Santos, cavaco e voz, Marcelo Gimenez (Paxú), cuíca, Emerson Lopes, tantã e caixa, Fumaça, no surdo, Ney 7 cordas, violão 7 cordas, Romulo Frazão, flauta e Leandro Henrique, no banjo.


    Samba menino é opção para a criançada na Roda do Sambastião


    LIVRO DE RUA Estante itinerante promove a "libertação de livros" no espaço da roda


    Levar as crianças para o samba não é um problema para quem frequenta o Sambastião. O escritor Raphael Moreira, que também é músico na roda, leva para a praça do Russel, o espaço Samba Menino. Inspirado no nome do personagem do livro escrito por Raphael, o espaço tem "contação musical da história do samba", desenhos e pintura, confecção manual de mini-instrumentos, cantigas de roda e outras brincadeiras.

    Samba menino é o samba personificado na pele de uma criança, que veio da África para o Brasil. O personagem vive aventuras na Bahia e no Rio de Janeiro, onde encontra personalidades importantes para a história do estilo musical como Tia Ciata.

    "Foi a forma que encontrei de levar a história do samba para as crianças. No espaço Samba Menino elas aprendem se divertindo", afirma o escritor.

    O Sambastião também é um dos pontos de "libertação de livros" do projeto Livro de Rua. Uma estante fica disponível no local para que qualquer pessoa possa emprestar ou pegar emprestados livros diversos.

    SERVIÇO

    Roda do Sambastião
    Onde: Praça Luís de Camões, Glória
    Quando: "No melhor sábado do mês"
    Preço: Gratuito

    * Publicado na ediçao de 24/7/2014 do jornal Brasil de Fato - RJ (http://issuu.com/brasildefatorj/docs/web_60?e=0)

  2. INTERVENÇÃO URBANA Roda de samba comemora dois anos de resistência cultural no coração do Rio

    A expressão "Resistência Cultural" está presente na arte gráfica criada para simbolizar a roda de samba que acontece todo o segundo sábado do mês no Castelo, Centro do Rio. A ocupação cultural do Samba do Castelo está comemorando dois anos em 2014, com a intenção de proporcionar acesso gratuito a arte e a música.

    Mais do que uma roda de samba, o evento tem ares de intervenção numa das regiões mais significativas para a história urbanística do Rio de Janeiro. Ali ficava localizado o morro do Castelo, removido no início do século passado para dar lugar aos largos, avenidas e edifícios que agora formam o Centro.

    Enquanto rola o samba, são projetadas na parede de um dos edifícios da Avenida Churchil imagens que representam parte da história e da identidade carioca. A lateral do prédio vira um telão onde os filmetes ajudam a compor o cenário dessa reinvenção do espaço público.

    "As imagens conversam com o que está se passando na roda de samba naquele momento. Se estão tocando sambas de compositores da Mangueira, aparecem imagens do morro, da escola de samba. Quando tocam João Nogueira, a imagem do músico também é projetada", exemplifica Rodrigo Furtado, o publicitário que edita os vídeos e acumula também as funções de produtor do evento e DJ nos intervalos.

    A Fotografia também está presente. Ierê Ferreira, fotógrafo que há anos captura imagens da cultura afro-brasileira, expõe e vende suas fotografias no local.

    O Samba do Castelo é divulgado pelas redes sociais e conta com a parceria do bar São Quim, que abriu espaço para a roda. São servidos petiscos e bebidas e o aluguel de mesa com quatro cadeiras, apenas para quem quiser, é de R$ 15.



    Fotos: Divulgação/Paula Chaves

    Passeio pelo samba

    Para Makley Matos, percussionista e vocalista que comanda a roda, tocar no Centro Histórico do Rio é significativo. "Tocamos neste lugar onde, no passado, haviam cortiços, morros. Foi com certeza um celeiro de bambas", afirma.

    O repertório da roda passeia por diversas vertentes do samba tradicional. Canções de Cartola, Paulo Cesar Pinheiro, Wilson Moreira dividem espaço com sambas de Martinho da Vila, Moacyr Luz, Elton Medeiros, Hermínio Bello de Carvalho, entre outros.

    As canjas são corriqueiras e há espaço para a mistura de samba com estilos como o hip hop, por exemplo.

    Acompanham a roda os músicos Jorge Alexandre, Fabrício Reis, Marcos Antonio Alcides, Rafael Rodrigues, além de músicos convidados.


    Do Jazz ao Forró, eventos culturais movimentam o Castelo


    OPÇÕES Jazz acontece todo terceiro sábado do mês e Forró será o próximo estilo musical explorado

    Em sua 9ª edição agendada para dia 21/6, o Jazz do Castelo já está se consolidando como mais um espaço de difusão cultural no Centro do Rio. Rodrigo Furtado organiza o movimento que está levando o público a conhecer o estilo musical que, originário dos Estados Unidos, ganha contornos brasileiros nas mãos do Trio Guga Pellicciotti.

    O grupo, formado pelo baterista Guga Pellicciotti, o tecladista João Braga, e o baixista Rômulo Duarte, recebe a cada mês outros músicos que integram o nipe de metais, voz e outros instrumentos.

    "Buscamos oferecer ao público uma deliciosa experiência musical temperados de Standards do Jazz e da música brasileira passando por sessões muito criativas marcadas pela espontaneidade e vigor", afirmam os músicos.

    A intenção dos organizadores é realizar outros eventos. O Forró do Castelo, já teve sua primeira edição, mas ainda está em fase experimental. Já aconteceram também eventos de hip hop e mpb.

    Serviço

    Samba e Jazz do Castelo
    Quando: Samba - todo o segundo sábado do mês
    Jazz - terceiro sábado do mês
    Onde: Avenida Churchill, Castelo, Centro
    Preço: gratuito

    *Publicado na edição 54 do Jornal Brasil de Fato, de 12 de junho.


  3. PATUSCADA Grupo Jequitibá do Samba conduz roda que acontece uma vez por mês na ilha que é considerada o refúgio dos cariocas


    Gabriel Araujo
    O mar sempre inspirou sambistas de todas as épocas. E é num cenário que tem o mar como pano de fundo que, todo o terceiro domingo do mês, acontece a Roda de Samba em Paquetá. Conduzida pelo grupo Jequitibá do Samba, a roda leva centenas de pessoas ao Paquetá Iate Clube, situado na ilha que tem a fama de ser o refúgio do carioca.
    Divulgado no boca-a-boca e principalmente nas redes sociais pelas produtoras musicais Áurea Alves e Régia Macêdo, organizadoras e idealizadoras do Samba em Paquetá, o evento começa na viagem de barca que custa de R$ 3,10 (bilhete único) a R$ 4,50 (passagem avulsa), e sai da Praça XV com destino à ilha. O ideal, afirmam as organizadoras, é pegar a barca de 11h30, pois a patuscada começa às 14h em Paquetá, mas também há balsas saindo às 13h e às 14h30.
    O passeio de pouco mais de uma hora pelo mar da Baía de Guanabara é um alento para os olhos. Na paisagem, Rio de Janeiro, Niterói e um conjunto de belas ilhotas ao longo do percurso. Já no desembarque, vê-se o cenário bucólico de casas baixas com quintais espaçosos e arborizados, praça com igreja, além de adultos e crianças passeando de bicicleta e carruagem.
    A apresentação, sem sonorização - acústica -, é na beira do mar, como os versos da canção de Paulo César Pinheiro, compositor unanimidade entre os sambistas do Jequitibá do Samba: "Tem palma na beira da praia / Samba de roda na beira do mar".
    Para os músicos do grupo, tocar na ilha é inspirador. "Muita gente canta Paquetá", aponta o violonista Iuri Bittar. "É um momento de encontro entre amigos que tem o gosto pelo samba em comum e que imprimem suas influências naquilo que tocamos", completa.
    No repertório, sambas de compositores das escolas mais tradicionais como Mangueira, Portela, Salgueiro e Vila Isabel, mas há espaço para composições da nova safra, que surgem à margem do monopólio das grandes gravadoras. "Não tocamos apenas os sambas mais antigos. Tem muita gente escrevendo samba atualmente", pondera o percussionista Anderson Balbueno.
    O Jequitibá do Samba é formado pelos músicos Ronaldo Gonçalves (Cavaquinho e voz), Leonardo Pereira (Cavaquinho e voz), João Camarero (Violão 7 cordas e voz), Iuri Bittar (Violão 6 cordas e voz), Julião Rabello Pinheiro (Percussão e voz), Joao Gabriel Menezes (Cavaco e voz), Anderson Balbueno (Percussão e voz), Jeferson Scott (Percussão e voz), Marcos Tadeu (Percussão e voz), Magno Julio (Percussão), Bidu Campeche (Percussão) e Leo Careca (Percussão e voz).


    História cultural de Paquetá tem choro e samba
    NATIVO O músico Anacleto Medeiros, um dos principais representantes do Choro, nasceu e foi criado em Paquetá
    O Samba em Paquetá representa a continuidade de uma relação antiga do local com o ritmo musical. A produtora Aurea Alves, uma das idealizadoras do projeto, descreve que nas décadas de 40 e 50 integrantes das primeiras escolas de samba faziam da ilha seu local preferido para piqueniques aos finais de semana.
    No filme "Com minha sogra em Paquetá" (1961), com Dercy Gonçalves no elenco, há uma escola de samba que viaja de balsa até a ilha e depois faz um desfile pelas ruas do distrito. "Paquetá também tem sua história ligada ao Choro. Anacleto Medeiros, um dos mais importantes representantes do gênero, nasceu e foi criado ali", acrescenta.
    Na história mais recente, a cantora e compositora Cristina Buarque e o grupo paulista Terreiro Grande, realizaram rodas de samba na ilha. Cristina Buarque é moradora de Paquetá e inclusive uma das assíduas frequentadoras do Samba. "Acompanho este samba desde o início e gosto muito das músicas e da qualidade dos músicos que conduzem a roda", declara a musista.
    "A idéia dessa roda surgiu justamente  em uma entrevista que fiz sobre o lançamento do CD da Cristina (Buarque ) e Terreiro Grande. Naquele momento pensamos que seria legal fazer um samba ali em Paquetá", conta Aurea Alves.
    O samba começou em 2009 na calçada do Bar Tia Leleta (Bar do Zarur ou do Paulão), mas cresceu e mudou para o Iate Clube. "Somos duas produtoras que gostam de samba e, por isso, tocamos o projeto sem almejar retorno financeiro", afirma Régia Macêdo.


    SERVIÇO
    Dia: Todo terceiro domingo do mês
    Horário: 14 horas (barcas saindo da Praça XV às 11h30, 13h e 14h30)
    Local: Paquetá Iate Clube, Praia das Gaivotas, Paquetá
    Preço: Gratuito





    FOTOS: Pedro Verísssimo

    Publicada na edição 44 do jornal Brasil de Fato, disponível no link: http://issuu.com/brasildefatorj/docs/44_web

  4. CHICLETE E BANANA Blocos como Sargento Pimenta, Toca Rauuul e Cru arrastam foliões de diversas tribos

    O carnaval é uma festa democrática. É neste espírito que alguns dos blocos mais originais do carnaval de rua do Rio misturam, sem restrições, o rock com ritmos carnavalescos como o samba, o frevo e a marchinha. Bloco Cru, Sargento Pimenta e Toca Rauuul estão entre os blocos que experimentaram a combinação de "chiclete com banana" da famosa canção de Jackson do Pandeiro.

    Para Lu Baratz a 'front woman' do Bloco Cru, que se apresentará na tarde da segunda-feira de carnaval na praça XV, no Centro, a música transcende fronteiras e estigmas. "Carnaval no amplificador. Metallica num ponto de Ogum. Canto de Ossanha, Mutantes, João Bosco e Patti Smith. A universalidade do rock e o brasileirismo das raízes. E tudo isso cru", afirma o texto de apresentação do Cru na internet.


    Este será o sexto ano do carnaval "moderninho" do Cru, que começou, em 2009, na porta da Casa da Matriz, reunindo cerca de 3 mil pessoas. Na formação principal estão o 'power trio' de rock, junto a ritmistas, egressos de escolas de samba. Na bateria, os ritimistas da Escola de Rock e Batuqueria, oficina de percussão criada pelo Cru.


    "Os roqueiros também se sentiram acolhidos e agregamos diferentes tribos", conta Lu Baratz, que comandará o desfile do Cru, este ano, grávida de 7 meses de Catarina, que nasce em maio, fruto do casamento com um dos ritmistas do bloco, Felipe Bellard.

    Agenda do bloco Cru
    16 e 23/02 - Solar de Botafogo/Rio de Janeiro (Ingresso R$ 40, R$ 30 e R$ 20)
    02/03 - SESC/Barra Mansa-RJ
    03/03 - Desfile de Carnaval no Rio
    04/03 - Desfile de Carnaval em São Gonçalo-RJ


    Carnaval "Maluco Beleza" do bloco Toca Rauuul

    SUCESSO Grupo já se apresentou em São Paulo, Belo Horizonte, Ouro Preto e Juiz de Fora

    A frase que se tornou uma brincadeira em bares e casas de show Brasil afora foi a escolhida para dar nome ao bloco que homenageia o mais brasileiro dos roqueiros, Raul Seixas. Um grupo de fãs do artista tiveram a ideia de fundar o bloco, depois que um deles, o músico Ricardo Dias, mostrou versões de canções do rei do rock brasileiro, em ritmo de marchinha.

    As canções de Raulzito são misturadas também ao frevo, samba, maracatu, ijejá, funk, surf music, reggae, de acordo com o que cada música sugere. Outra marca do grupo são as fantasias escolhidas para representar personagens inspirados nas canções. Este ano, a apresentação do Toca Rauuul acontece na tarde do domingo de carnaval, na Praça Tiradentes.


    Os músicos contam que a escolha das combinações se dá por meio de um trabalho minucioso, respeitando ao máximo a originalidade de cada canção. "Inserimos também músicas incidentais, temas de clássicos do carnaval e de outros artistas do rock. Isso faz com que o universo carnavalesco não seja deixado de lado", pontua Dias.

    Agenda do Toca Rauuul
    22/02 - Cultural Bar/Juiz de Fora-MG
    02/03 - Desfile de Carnaval no Rio
    04/03 - SESC/ Barra Mansa-RJ


    Beatles viram bambas no carnaval

    CLÁSSICOS Sucessos dos 'Garotos de Liverpool' ganham versões brasileiras

    A banda de rock de maior sucesso de todos os tempos também encanta os foliões do carnaval de rua do Rio. No último ano, mais de 50 mil pessoas participaram da festa que o bloco do Sargento Pimenta promoveu no Aterro do Flamengo.


    O bloco surgiu da ideia de amigos que sempre pularam o carnaval e compartilhavam uma admiração pelos Beatles. O primeiro desfile foi em 2011, ainda no bairro de Botafogo. A expectativa dos músicos do Sargento Pimenta, para este ano, é de uma folia "espetacular". O desfile será na segunda-feira de carnaval, a partir das 15h.

    "A preparação começa, literalmente, assim que o último carnaval termina. Após um mês de descanso, nossa bateria volta a ensaiar", afirma Leonardo Stul, um dos diretores do bloco. Há uma banda principal, com sopros, cordas e bateria e os ritmistas, integrantes fixos e alunos da oficina de percussão que acontece , a partir do meio do ano, na Fundição Progresso, na Lapa.

    A mistura entre ritmos carnavalescos e as canções que embalam gerações há mais de 50 anos considera o "potencial de carnavalização das músicas". "A escolha leva em conta a harmonização entre a canção original e um dos ritmos brasileiros que tocamos", finaliza.

    Agenda do Sargento Pimenta
    15/02 - Cultural Bar/Juiz de Fora-MG
    28/02 - Cine Joia/SP
    01/03 - Desfile de Carnaval em BH
    03/03 - Desfile de Carnaval no Rio de Janeiro

    * Publicado no jornal Brasil de Fato em duas partes: 
    Edição 40 http://issuu.com/brasildefatorj/docs/web  
    Edição 39 http://issuu.com/brasildefatorj/docs/web_39

  5. * Publicado no jornal Brasil de Fato, em 8/1/2014 

    TRADIÇÃO Resgate à memória do samba é a proposta do grupo Samba de Lei, que lota a região da zona portuária toda semana 

     O nome do grupo diz muito sobre o que acontece todas as sextas-feiras no palco que se tornou a base da Pedra do Sal, no Largo da Baiana, na Zona Portuária: Samba de Lei. É quase uma palavra de ordem seguida pelos frequentadores de uma das rodas de samba populares mais conhecidas do Rio.

     O público dança e canta os sambas levados com zelo pelos músicos. "Em poucos lugares se vê tanta gente escutando boa música de forma tão democrática. Nesse mar de gente, pessoas de todos os lugares, todas as classes e todos os credos cantam uma só o voz", afirma Thiago Torres, sambista que comanda a roda.

    O que Torres chama de "boa música" é o repertório escolhido a partir de um "mergulho" em mais de cem anos de história do samba. A roda começa ao cair da tarde com sambas antigos, praticamente desconhecidos, que o público acompanha atento, numa espécie de aula musical.

    "Nossa intenção valorizar essa arte da forma mais ampla possível", explica Thiago Torres, que na última sexta-feira abriu a roda com o samba "O meu nome já caiu no esquecimento", do sambista precursor Paulo da Portela.

     À medida em que a noite avança e o local começa a ficar lotado de gente, sambas mais recentes se incorporam ao repertório de canções das Velhas Guardas. De Chico Buarque, com canções como "Deixa a menina" e "O Meu Guri", passando por Paulo César Pinheiro, com "Oxóssi", de influências afro-brasileiras, chegando à Moacyr Luz, com "Saudades da Guanabara".

    "Não dispensamos o calor do público cantando sambas mais conhecidos e atuais", pondera o músico, que também incluiu alguns sambas-enredo do Império Serrano na apresentação.

    Criado há cerca de 4 anos, o Samba de Lei é formado por sambistas egressos do bloco de carnaval Boitolo. Com a criação do grupo, os músicos passaram a tocar na ladeira da Lapa, às sextas-feiras.

    Impossibilitados de continuar no local, os músicos buscaram um novo espaço. Com a ajuda dos proprietários da Bodega do Sal, bar localizado aos pés da Pedra do Sal, que até hoje patrocina a roda gratuita, os sambistas puderam se estabelecer ali, há três anos e meio.

    Integram o Samba de Lei os músicos Thiago Torres, voz e cavaquinho, Wagner Silveira, pandeiro, Maicon Salles, surdo, Kaka Nomura, percussão, Marcio Kalunga, percussão e Wando Cordas, violão de 7 cordas.


    Músicos do Samba de Lei ensinam percussão na Pedra do Sal

    ENSINAMENTO Grupo Moça Prosa, formado por sambistas mulheres, é fruto da oficina 

     Da observação de que muitos dos frequentadores das rodas de sexta-feira levavam instrumentos para tocar, é que os percussionistas Wagner Silveira e Maicon Salles tiveram a ideia de montar uma oficina popular de samba.

    A oficina de percussão da Pedra do Sal foi criada há dois anos e, este ano, já oferece aulas de cavaquinho. Todas as terças-feiras, à partir das 19 horas, os músicos transmitem um pouco do conhecimento que adquiriram com anos de experiência no samba.

    "Montamos uma apostila aberta com os fundamentos das variações existentes de samba, como partido alto, samba canção, marcha, breque", afirma Wagner Silveira, explicando que para aprender samba, gostar é o primeiro passo.

    A oficina já deu frutos: o grupo Moça Prosa, apenas com integrantes mulheres, já se apresenta profissionalmente, a partir dos ensinamentos da oficina. As aulas são abertas e o preço é de R$ 20 por aula ou R$ 60 por mês.

    Para o carnaval, os instrutores planejam a criação de um bloco formado por aprendizes e outros ritimistas, que vai desfilar pelas ruas da zona portuária. "Queremos botar o samba pra frente, ajudar a difundir esta cultura", afirma Silveira.

    O projeto já extrapolou também os limites da Pedra do Sal. Desde o ano passado, acontece no Vidigal, uma oficina de samba só para mulheres vítimas de violência doméstica.

    SERVIÇO

    Dia: Todas as sextas-feiras
    Horário: 19 horas
    Local: Largo da Baiana, Gamboa, Zona Portuária
    Preço: Gratuito

  6. Desejos para 2014

    2 de janeiro de 2014

    Da série "Recebi no e-mail", com atribuição de autoria a Dom Hélder Câmara, mas será????!!!??? Se souber da autoria, me avise nos comentários.
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     Nesse ano que se inicia, não desejo paz! Melhor dizendo, não tanta paz assim. Até porque paz em demasia gera inércia. Cria ranço, limo e pança. A paz mais profunda é a morte. Nas palavras de Guimarães Rosa, a “indesejada das gentes”. E essa, vamos combinar, torcemos para que não venha no próximo ano. E Deus queira, nem tampouco, no outro e, nem ainda, no seguinte...

    Desejo sim, a coragem para enfrentarmos e superarmos os desafios e provações com os quais vamos topar ao longo desse ano.Diante das tempestades que a existência trouxer nesse ano, e não nos iludamos, ela há de trazer, que possamos nos manter resilientes, centrados e confiantes.
    Que a prosperidade venha, mas acompanhada de simplicidade e desapego, para não ficarmos soberbos e consumistas a ponto de continuarmos exaurindo os recursos do planeta e de nos afastarmos, temerosos e defensivos, dos nossos semelhantes.

    E ao invés de sucesso, que Deus nos dê trabalho e humildade. E também força nas mentes e nos braços para realizarmos nossos sonhos. Desejo que esses sonhos possam ser construídos com diversas mãos.

    Troco, sem regatear, a tranquilidade amorfa pela coceira da inquietação. Comichão que gere inconformidade diante das injustiças e comprometimento sincero com um mundo melhor, mais acolhedor e solidário.

    Quanto à saúde, que possamos ter o discernimento necessário para cuidarmos bem dela e de nos lembrarmos de que não adianta nada termos um corpo sarado, malhado ou funcional se nossos pensamentos, sentimentos e atitudes estiverem neurotizados, doentes.

    Desejo que tenhamos alegrias, mas na medida certa, só o suficiente  para não nos tornarmos melindrosos e mimados. Que ela nasça da nossa tolerância às frustrações e, por serem assim, alegrias mais fundas. E que possamos, alegres ou tristes, nos manter receptivos, alertas e humildes. Cientes que, tal qual o ano, isso também passará.


    Desejo à todos nós muito amor. Esse, sem nenhum porém ou senão. Não falo de um amor cinderelizado, fantasioso, idealizado. Desejo, sim, bons amores e amores reais. Explico-me: chamo de “Bom Amor” aquele que transforma, que nos leva, através do encontro com o outro a descobrirmos e expressarmos os nossos melhores potenciais. E com amores reais quero dizer a capacidade de aceitar os outros como eles são e não querer modelá-los ao nosso “leito de Procusto*”. Desejo, nesse aspecto, que façamos escolhas, cada vez mais, generosas, conscientes e gentis.

    E que sintamos também o latejar da curiosidade para experimentarmos jeitos novos e originais de se relacionar conosco e com os outros.

    Desejo que os dias desse novo ano nos traga as experiências necessárias ao nosso crescimento espiritual.  Tenho esse desejo, para você e para mim. Supérfluo desejo esse, porque se pensarmos com mais serenidade e despojamento, sacaremos que é assim que acontece, sempre! Então, o que anseio mesmo é que possamos ter a sabedoria para não demorarmos muito a perceber isso, a tempo de aproveitarmos e rirmos com as ironias da vida.

    Que possamos ter, enraizada, em nossos corações, a gratidão diante das infinitas bênçãos visíveis e, principalmente, por aquelas invisíveis graças, muitas vezes travestidas de infortúnios, que recebemos ao longo dos 365 dias do ano.

    Que 2014 seja do tamanho do seu Eu verdadeiro!


    * Procusto – personagem da Mitologia Grega que sequestrava as pessoas que passeavam, desavisadas, pelo bosque onde morava, e colocava-as em um dos seus dois leitos. Aqueles que eram pequenos, ele ajeitava no leito maior, mas, para isso, esticava-os até a morte. E os de estatura maior, ele colocava no leito pequeno, só que, para isso, amputava-lhes as pernas.

  7. Os trilhos que levam ao samba*

    16 de dezembro de 2013

    ENCONTRO Proposta do Trem do Samba foi recriar memória de resistência da música brasileira

    Velha Guarda da Império Serrano em um dos vagões do Trem do Samba

    O subúrbio acolheu de braços abertos aqueles que trilharam, no último sábado, vindos de todas as partes da cidade e até de outras cidades do Brasil e do mundo, o trajeto do Trem do Samba.

    O festival de grandes proporções, em que se transformou a festa do Dia Nacional do Samba (2 de dezembro), parecia promover uma espécie de reconciliação entre os bairros do Rio.

    Cinco trens lotados saíram da Central do Brasil com destino a Oswaldo Cruz, com rodas de samba em cada vagão. O bairro, povoado em grande parte, no início do século passado, por aqueles que foram removidos à força pelas reformas sanitaristas, foi o palco para esse encontro que o samba mais uma vez foi capaz de promover.

    "O Trem do Samba representa o recriar de uma celebração, de uma memória de resistência da música brasileira", afirma Marquinhos Oswaldo Cruz, o sambista que, em 1991, refez a viagem de trem que deu origem ao festival.

    A releitura da viagem que Paulo da Portela fazia, no início do século passado, para fugir da repressão ao samba, ganhou contornos de festa popular.

    "A mesma polícia que antes perseguia o samba, hoje abre alas pra ele passar. O samba nunca foi de arruaça, como dizia Carlos Cachaça. Era a alegria do povo na praça Onze, uma manifestação da cultura popular, sincera, honesta", ressalta Monarco, da Velha Guarda da Portela, escola de samba que surgiu entre Oswaldo Cruz e Madureira.

    Sambista representante de outra escola de samba da região - a Império Serrano -, Aluízio Machado também destacou o caráter democrático do evento. "Hoje o samba pode dizer que tem uma festa democrática, que todo mundo acompanha junto, sem distinção", pontua.

    No evento, shows simultâneos faziam com que o público estimado em mais de 60 mil pessoas, somente naquele dia, pudesse aproveitar as mais de 50 atrações musicais. Na comparação bem humorada com outros festivais de música que acontecem na cidade, o 'Rock in Rio do samba' não deixou a desejar nos quesitos evolução e harmonia, e mostrou, com desenvoltura, o jeito brasileiro de festejar.


    Paulinho da Viola: 'Ninguém controla a força que o samba tem'

    Músico que tem sua trajetória relacionada à das escolas de samba de Oswaldo Cruz e Madureira, Paulinho da Viola foi uma das atrações do Trem do Samba. Seu show, no palco João da Gente, um dos sete montados, encerrou o festival que já acontecia desde a segunda-feira.

    Paulinho da Viola destacou a iniciativa de comemorar o Dia do Samba com uma grande festa. "Durante muito tempo era uma data conhecida. Algumas pessoas se reuniam em suas escolas, mas não havia um evento aberto, maior, que levasse a data para um número maior de pessoas", afirmou, celebrando o que chamou de a grande estrela do evento: o samba.


    Para o cantor e compositor, a manifestação cultural tem força própria e consegue levar o nome do Brasil para o mundo. "Ao longo do tempo, muitos já disseram que acabaria, que não fazia sentido. Mas o samba já foi para o mundo. Visitar, por exemplo, o Japão e ver que há escolas de samba com pessoas de lá tocando, mostra que essa coisa do povo da gente tem uma força que ninguém controla", enaltece.


    *Publicado no jornal Brasil de Fato

  8. REVERÊNCIA Conhecido por canções como "Sonho Meu", compositor morreu na última semana aos 74 anos

    Quando, nos anos de 1970, Delcio Carvalho escreveu os versos de "derradeira Melodia", em referência ao falecimento de outro sambista, não imaginava que seria, ele próprio, homenageado por músicos das mais diferentes gerações no momento de sua morte. A canção de versos como "E o sambista assim tombou / Causando tanta emoção/Mas sua arte há de ficar de pé/dentro do nosso coração" é apenas uma das quase 300 que compôs em sua carreira.

    O compositor morreu na terça-feira (12), aos 74 anos, de um câncer gástrico diagnosticado há três anos. A música que ele fez para o sambista Silas de Oliveira, morto em 1972, foi uma das primeiras de suas muitas parcerias com Dona Ivone Lara. Com ela, Delcio Carvalho também escreveu, entre outras, "Acreditar", "Sonho Meu" e "Alvorecer".

    O compositor Marco Pinheiro, parceiro de Delcio, afirma que ele está entre os principais ícones do samba, embora também compusesse outros gêneros.

    "Mesmo antes de sua morte, o Delcio já inspirava os novos compositores que desejavam e desejam fazer samba com qualidade. Suas composições são daquelas que ficam para sempre", afirma.

    Entre os sambistas da nova geração, o compositor é uma referência. Um desses admiradores, o músico Chico Alves, do grupo Sambalangandã, diz que a obra de Delcio será imortalizada.

    "Tem uma frase que ele sempre dizia, depois de se apresentar e ser aplaudido, que sintetiza tudo isso: 'Como vocês podem ver, não há truque", lembra.


    Rodas relembram extenso repertório

    HOMENAGEM Sambalangandã e Roda de Samba do Barão reverenciam músico

    Na quarta-feira (13), no bar Trapiche Gamboa, na zona portuária do Rio, o grupo Sambalangandã dedicou todo um set de sua apresentação a canções de Delcio Carvalho, como "Nasci pra sonhar e cantar" (com Dona Ivone Lara), "Convite" (com Ivor Lancellotti), "Vendaval da vida" (com Noca da Portela). O grupo repetiu a homenagem na roda de samba do Mercado das Pulgas, no sábado (16), em Santa Teresa.

    Em Vila isabel, as canções de Delcio também serão lembradas. O violinista Marcelo Moraes, do Movimento Cultural Roda de Samba do Barão, que acontece às quartas-feiras, na Praça Barão de Drumond, afirma que o compositor será homenageado durante o mês de dezembro. Isto porque, todos
    os anos, os sambas do último mês do ano são dedicados àqueles que morreram durante o ano.

    "Delcio Carvalho foi um dos artistas que pavimentou o caminho que a música brasileira deveria seguir. onde
    se valorizava a postura artística, e não apenas o reconhecimento e a fama. Era um gênio, nos melhores sentidos desta palavra.", resume Marcelo Moraes.


    Sambista tinha a composição como ofício

    PROFISSÃO COMPOSITOR Suas músicas foram gravadas por Martinho da Vila, Beth Carvalho e Alcione, entre outros

    Filho de pai saxofonista, Delcio Carvalho trazia no sangue o DNA musical. Nasceu em Campos dos Goytacazes, em março de 1939, e cresceu ouvindo os cantores e cantoras da era áurea do rádio.

    Veio para o Rio de Janeiro depois de prestar o serviço militar, em 1956, para morar no Morro do Querosene, na zona norte. Participou de programas de calouros e cantava em casas noturnas do Rio. A canção "Pingo de felicidade", de 1968, foi sua primeira composição, logo gravada pela cantora Christine.

    A composição era seu ofício. Marco Pinheiro, um dos mais recentes parceiros de Carvalho, lembra como foi a criação do choro "Ah! Quem me dera".

    "Tinha passado para ele a melodia. Um dia ele apareceu com um papel tipo de pão com a letra. Só que uma parte estava em cima, a outra no parte de trás do papel, outra de cabeça para baixo. Só depois que passou a limpo é que a gente pôde ver como tinha ficado".

    Em 1979, Delcio gravou seu primeiro álbum, "Canto de um povo". o segundo, "Afinal", só saiu em 1996, seguido de "A Lua e o Conhaque" (2000), "Profissão Compositor" (2006) e a trilogia "Inédito e Eterno"2007). Em 2013 gravou seu último Cd "Dois compassos", em parceria com o violonista Marcelo Guima.

    Suas músicas foram gravadas por Maria Bethânia, Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Roberto Ribeiro, Elizeth Cardoso, Caetano Veloso, Nana Caymmi, Gal Costa, Elza Soares, Martinho da Vila, Beth Carvalho, Alcione, entre outros.

    *Publicada na edição de 21 de Novembro do jornal Brasil de Fato. Extemporânea porque ainda não havia baixado a versão publicada. Uma homenagem oportuna a este que é um dos maiores compositores do samba.

  9. BAMBAS Comemoração se estende até sábado, quando saem os trens da Central do Brasil com destino a Oswaldo Cruz

    A semana é de celebração para o samba. Desde a segunda-feira, dia 2 de dezembro, quando é comemorado o Dia Nacional do Samba, o bairro de Oswaldo Cruz, na zona Norte do Rio de Janeiro, virou o destino do mais genuinamente brasileiro estilo musical. A extensa programação do Trem do Samba vai até o sábado, dia 7, com shows de "bambas", rodas de samba, e apresentações de agremiações carnavalescas.

    Este ano, os trens especiais saem no último dia do evento com destino ao reduto do samba, momento considerado o auge da festa. Quatro trens e 32 carros da SuperVia estão reservados para levar o público ao bairro. Em sua 18ª edição, o Trem do Samba deve reunir mais de 400 mil pessoas.

    "São mais de 50 shows gratuitos num evento que pretende fazer as pessoas entrarem em contato com a ancestralidade, esta essência cultural que faz parte do repertório de todo brasileiro", afirma Marquinhos Oswaldo Cruz, sambista idealizador do Trem do Samba.

    A programação começa às 15 horas no sábado, com as apresentações da Velha Guarda das escolas de samba Mangueira, Salgueiro e Vila Isabel. Lá os passageiros poderão trocar sua passagem por um quilo de alimento não perecível e seguir destino à Zona Norte, onde os shows e rodas de samba acontecem.

    A semana começou com um "flashmob" na Central do Brasil, que serviu como convite para que o carioca embarcasse no trem, na segunda-feira. Dançarinos caracterizavam algumas das facetas dos cariocas: um servidor da Comlurb, um bombeiro, um malandro, uma passista, entre outros. Eles mobilizaram muitos dos passageiros que estavam na Central para sambar.

    No mesmo dia, aconteceu o lançamento da música "2 de Dezembro", de Marquinhos Oswaldo Cruz e Serginho Procópio, uma alusão à data, cuja comemoração teve origem na Bahia. O dia em que é rememorada a primeira visita de Ary Barroso à Salvador, foi nacionalizado e hoje é celebrado em todo o país.

    Em Oswaldo Cruz, a semana começou com shows de Almir Guineto, Leandro Fregonesi e Rodrigo Carvalho, no palco que leva o nome do sambista Candeia. A programação terá, até sábado, shows de Jorge Aragão, Martnália, Ana Costa, Sombrinha, Casuarina, Dona Ivone Lara, Arlindo Cruz, Moacyr Luz e Paulinho da Viola, entre outros.



    Fotos: Divulgação

    Aplicativo para celular com programação do Trem do Samba

    TENDA DO SABER Filmes e palestras sobre cultura negra

    Em que pese a tradição a que o samba remete, a modernidade também está presente no Trem do Samba. Este ano, os usuários de smartphones com sistema operacional iOS e Android poderão fazer download gratuito do aplicativo iTremdoSamba que servirá como guia de bolso do projeto.

    Entre as funcionalidades do aplicativo estão a possibilidade do usuário definir sua agenda com a seleção de shows favoritos, o mapa de Oswaldo Cruz por pontos de interesse entre palcos, rodas de samba e Tenda do Saber e a possibilidade de compartilhar fotos e comentários via redes sociais Facebook e Twitter.

    Outra novidade é a Tenda do Saber que, durante a semana toda, levará filmes e palestras sobre o gênero musical e a cultura negra brasileira. A programação de todos os palcos, rodas de samba e vagões do Trem do Samba está disponível no site www.tremdosamba.com.


    Marquinhos Oswaldo Cruz refaz viagem de Paulo da Portela

    ROTA DE FUGA Samba era perseguido no início do século XX

    A primeira viagem, do que hoje se conhece como o Trem do Samba, aconteceu em 1991, ainda com o nome de Pagode do Trem. Foi Marquinhos Oswaldo Cruz, por influência da convivência com sambistas como Manacéia e Argemiro, da Portela, que resolveu fazer a viagem de trem que hoje se tornou um dos maiores festivais populares do país.

    "A idéia inicial era chamar a atenção da população de Oswaldo Cruz para a riqueza cultural daquele bairro. É um patrimônio formado há séculos que não pode se perder", enfatiza o músico.

    Sem querer ele acabou reproduzindo os passos de Paulo Benjamin de Oliveira, mais conhecido como Paulo da Portela que, no início do século XX, começou a tradição do samba nas viagens de trem. O sambista, que é um dos fundadores da escola de samba Portela, utilizava os trens como estratégia para escapar da perseguição que sofria esta manifestação cultural à época.

    Serviço

    Trem do Samba
    Local: Central do Brasil
    Quanto: Um quilo de alimento não perecível
    Quando: Até sábado

    *Publicada no jornal Brasil de Fato, Edição de 5 a 11 de Dezembro de 2013.

  10. Grupo, que completou cinco anos no último fim de semana com sua já tradicional roda de samba, usou financiamento coletivo para gravar álbum

    Não fosse a falta do bonde, a ida ao bairro de Santa Teresa seria uma viagem completa no tempo. A antiguidade do cenário e de boa parte do repertório tocado na roda de samba do Mercado das Pulgas, no Largo dos Guimarães, se mistura ao jovem público e à originalidade do grupo condutor da roda, o Sambalangandã, que comemorou cinco anos de estrada no último sábado.

    O presente quem ganhou foi o público, que ouviu sambas selecionados em seus mais diferentes ritmos. Esta seleção criteriosa virou marca do Sambalangandã, já que o grupo tenta fugir do repertório mais usual.

    "Gostamos de descobrir músicas diferentes nos repertórios de sambistas renomados ou não. Tentamos sempre mesclar essas canções 'lado B' com outras mais conhecidas, e o público daqui é atento e gosta de experimentar", afirma o violinista Lúcio Rodrigues.


    Este público, formado em sua maior parte por jovens, não teria idade para saber ao pé da letra todas as músicas tocadas, mas aprendeu a gostar de samba no recente movimento de retomada do estilo na última década.

    Ijexá, jongo, samba canção, samba de breque, afrosamba e partido alto são alguns dos estilos levados pelo grupo nascido exatamente ali, no Largo considerado o coração de Santa Teresa, na roda que já se tornou uma referência.

    O samba começou ao cair da tarde, ao pé da árvore, no quintal de um antigo casarão, onde projetos culturais diversos se revezam ao longo do ano. Aulas de capoeira, dança, feira de antiguidades e um sebo de livros são algumas das atrações do Mercado das Pulgas.


    E o Sambalangandã tem seu espaço fixo na programação, todo o primeiro e terceiro sábados do mês, à partir das 19 horas. A roda já é inclusive, parte integrante do roteiro oficial do evento Santa Teresa de Portas Abertas.

    Mas nem sempre foi assim. A história do grupo, que antes não tinha esse nome percussivo, se confunde com o início da roda de samba no local.

    "Revezávamos com outro grupo a cada quinze dias. Lembro que 20 pessoas estavam presentes na primeira roda que fizemos. Era conhecido como 'samba do chapéu', pois ao final passávamos o chapéu recolhendo doações de quem vinha sambar", relembra o músico André Jamaica, um dos precursores da roda.

    Naquele sábado de celebração para o Sambalangandã, as lembranças deram o tom da apresentação. As dificuldades foram muitas, como gostam de relembrar os músicos, mas ao mesmo tempo o bom humor característico do samba fez com que todas elas fossem superadas.

    "Lembro que, até conseguirmos um violinista fixo, tínhamos que convencer amigos músicos a virem tocar. Em um carnaval, há alguns anos, o violinista que tínhamos contratado se acabou de beber antes da roda. Tivemos que ir correndo buscar um outro músico que estava no bloco Carioca da Gema fantasiado com um vestido de mulher", ri o músico Chico Alves outro dos puxadores da roda.

    O grupo se firmou e ganhou a alcunha sonora que hoje já é reconhecida entre os sambistas. Bira da Vila, Toninho Geraes, Moises Marques e Eugênia Rodrigues são alguns dos nomes que frequentam a roda. Atualmente, de forma rotativa, mais de 600 pessoas passam pela roda.

    A formação do Sambalangandã, que se consolidou há cerca de três anos, tem os músicos Lucio Rodrigues, violão 7 cordas, Andre Jamaica e Chico Alves, nas vozes, Fabricio Pinas, cavaco, Leo Careca, percussão, Vitor Oliveira, pandeiro e Edgar Araujo, no surdo.



    Primeiro CD é autoral e cheio de participações

    Agora, depois de anos de muitas histórias, o grupo se prepara para lançar o primeiro CD, com sambas de levada mais tradicional. No entanto, sua produção é fruto de uma técnica bem moderna de capitação de recursos: o financiamento coletivo pela internet.

    A divulgação da 'vaquinha virtual' era feita ali mesmo na roda de samba. Depois o boca-boca se estendia aos amigos dos amigos, até que o grupo conseguiu o montante necessário para a realização do trabalho. O álbum, intitulado Fuzuê, está em fase de mixagem e masterização e deve ser lançado em breve.

    O repertórioChico Alves, principal compositor das canções que integram o disco. Outros integrantes do grupo que se arriscam na composição são André Jamaica, Edgar Araujo e Fabricio Pinas.

    Entre as composições de Chico Alves presentes no CD, está 'Caninâna', parceria com Marco Pinheiro, já cantada de cor pelo público da roda. Outra canção, o partido alto 'Longa espera', é de co-autoria de Zorba Devagar, compositor já gravado por Paulinho da Viola, entre outros.

    Há ainda no disco, as participações dos cantores Andreia Dutra, Simone Leal e Ronaldo Gonçalves e dos instrumentistas Rafael Malmite, Glauber Seixas, Fernando Guedes.

    Serviço

    Roda de Samba do Mercado das Pulgas
    Quem toca: Sambalangandã
    Local: Largo dos Guimarães, Santa Teresa
    Preço: R$ 10
    Horário: das 19h à meia-noite

    ____________________
    *Originalmente publicada na edição 27 do jornal Brasil de Fato, em 7 de novembro de 2013

  11. Até que é bom

    25 de outubro de 2013

    Legião Urbana sempre foi a banda mais tocadas nas rodas de violão da minha adolescência. E, entre tantas outras, uma daquelas músicas da banda brasiliense sempre me intrigou pelo tema tão adulto tratado de forma tão simples. Não entendia como a vida funcionava, mesmo assim, imaginava que poderia ser como dizia aquela canção.

    Os versos de “O Mundo anda tão Complicado” soavam como um destino inevitável para mim. Eu que, mesmo sabendo da distância que me separava daquela sina derradeira, já vislumbrava um dia a vida de casado, esposa, filhos (quem sabe)...

    Acontece que o momento da música chegou pra mim, exatamente há duas semanas atrás, quando concretizei o sonho adolescente de construir uma família com a pessoa escolhida, que também me escolheu. Desde então, as coisas vem acontecendo um pouco como na música.

    Vê-la dormir que nem criança com a boca aberta. E vê-la acordar não tão arrumada, como quase sempre a via nos tempos de namoro, e mesmo assim achá-la linda (mesmo que ela duvide disso!).

    Deixei a segurança do meu mundo por amor. Ela deixou a segurança do mundo dela pelo mesmo motivo. Talvez isso explique a estranheza que tenho sentido nesses primeiros dias de vida juntos. Não uma estranheza ruim, apenas uma estranheza. Os amigos casados falam que é assim mesmo.

    Éramos dois em nossas individualidades, que às vezes se encontravam pra namorar. Agora somos dois tendo que dividir nossas individualidades, ceder em prol de objetivos comuns. Ainda que as individualidades continuem lá. Vi gestos de respeito a elas, por parte dos dois, nesses primeiros dias juntos, e espero que isso se mantenha assim.

    Até que é fácil acostumar-se um com o jeito do outro. Apesar de saber que o mundo anda tão complicado. Ainda mais morando em uma cidade grande. Longe da maioria dos amigos e da maioria da família.

    E como diz a música, a “mudança grande” tá chegando aos poucos. Além da grande mudança que é, simplesmente, casar-se. Terça-feira buscamos a televisão. Sexta chegou a máquina de lavar. Por enquanto, ainda precisamos dormir no chão, pelo menos até que termine a reforma que começamos faz alguns meses. Até que é bom!

    Escolhemos cor de tinta. Ela fez um pavê pra mim. Eu fiz um strogonoff pra ela. Fomos à casa dos amigos pra esquecer um pouco do trabalho, ficar de bate-papo. Ainda não dá pra fazer uma feijoada, mas prometemos em breve. Cheguei tarde do trabalho. Ela me esperou. Caminhamos no Flamengo. Compartilhamos carinho e rotinas.

    Até que é muito bom!