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  1. Outro dos grandes filósofos contemporâneos que pensam o mundo atualmente. Aos 86 anos, Zigmunt Bauman está mais lúcido que muitos de nós. Vale assistir até o final para descobrir "o segredo da felicidade".


  2. Oi Preguiça - Visão Masculina

    24 de setembro de 2011

    Segue um texto publicado a convite da amiga Verinha, no blog Oi Preguiça. Sobre temas que não costumo publicar por aqui (não com tanta objetividade), mas que valeu pelo desafio:

    Visão Masculina - O homem que gosta da mulher "parceira"


    Quando recebi o convite pra escrever pro Oi Preguiça fiquei imaginando se teria espaço para um blogueiro do sexo masculino nesse sofá vermelho. Um espaço que vez ou outra é hostil aos “seres da minha espécie”, mas que no fundo sabe que não viveria sem eles. É o tal negócio: ruim com eles pior sem eles. Enfim, decidi aceitar o desafio.

    E resolvi tentar contribuir com a MINHA visão masculina sobre os assuntos que geralmente batem por aqui. Pensando em mim, percebi que sou um homem que gosta da mulher que é parceira. Aquela que está contigo pro que der e vier, custe o que custar e doa a quem doer.

    Para criar polêmica logo de uma vez, defendo a tese de que a Amélia, de Ataulfo Alves -aquela música “Amélia que era mulher de verdade...” -, realmente é a mulher que merece a minha atenção. Deixa eu explicar, antes que as feministas me joguem pedras.

    A música fala do cara que está num relacionamento com uma mulher que “faz tanta exigência”, que “só pensa em luxo e riqueza” e “tudo o que vê já quer comprar”. Até acredito haver otários que gostam das princesinhas dondocas, interesseiras aos montes por aí, que só se contentam com presentes caros, olham o seu carro, querem as baladas mais pop’s.


    Mas eu prefiro a Amélia, que pode estar “passando fome”, mas está ao meu lado, e que quando “me vê contrariado diz: meu nêgo o que se há de fazer”. Não que não gostaria de dar tudo pra pessoa que eu amo. Até porque acho que a mulher merece o melhor. Mas e quando não podemos? Aí é que vemos se o amor é ou não de verdade. Aí é que descobrimos quem é a parceira de verdade.


    Gosto da mulher que está comigo nos bons e maus momentos. Gosto da mulher sem frescura que me acompanha tanto num restaurante top, quanto num boteco pé-sujo pra ouvir música de garagem ou numa roda de samba no meio da rua.

    Aquela que me acompanha num bom vinho espumante, ou nos “três latão dez real” da Lapa. A mesma que levo pra um fim de semana num chalé em Maringá, ou numa barraca de camping apertada na beira do mar e acha bom, só pelo fato de estar ao meu lado. Ela existe e, felicidade, já está comigo!



  3. O fim de noite no bairro da Glória, Rio de Janeiro, foi de samba-rock. Lá pelas tantas minha amada e eu, já com as cabeças cheias de cerveja, fomos para um boteco na rua de trás ouvir o “boogie-woogie sem pandeiro”* de uma banda de rock.


    Tomando umas e outras, eis que, num intervalo, chega um desses senhores boêmios, magro de tanto trocar as refeições por “umazinha”, pele negra, cabelos brancos, olheiras profundas. Pede um trago da loura gelada na minha mesa. Dou um copo. Ele fica ali na mesa ao lado curtindo o rock e puxa papo.


    Fala que o som é bom. Diz com palavras tortas que se pegasse aquela bateria faria um som melhor que o dos jovens roqueiros. Mas eu, intrigado, indago.


    - O senhor tem cara de quem sabe bater um tamborim, to errado? -, era a deixa que faltava. Se desculpando a cada três palavras ele vai chegando mais perto. Quando vemos já está sentado conosco. “Vocês me desculpem, eu gosto mesmo é de um pandeiro. Me desculpa. Eu tocaria melhor que eles aí. Desculpa. A música tá legal”.


    - Samba é muito bom -, digo. Papo vai, e ele, depois de pedir desculpas mais uma vez, diz: “Eu tenho um samba assim:”, e canta pausadamente o refrão do que parece ser um samba canção bonito toda vida. “A lição da vida vai lhe ensinar a razão do viver.”


    “Bonito”, dizemos eu e ela. “Já quiseram me comprar ele, mas eu não quis”, tentando endireitar a embriaguez. A essa altura, guitarra, baixo e bateria já tinham sido guardados.


    E vai proferindo todas as palavras da letra linda cheia de dor e amor por aquela mulher que precisava aprender uma lição. Nessas horas a gente pede a Deus um gravador ou, no mínimo, uma memória de elefante.


    Papo vem, e virar confidente de bebum era o caminho anunciado. Lembra da mulher que inspirou a música. Passa a mão no rosto antes de começar a contar uma das histórias. “Um dia a gente foi morar em Belém do Pará. Ela com o Deleon nos braços”, para, respira fundo, os olhos vermelhos marejam, passa a mão no rosto mais uma vez.


    Pergunto: “Deleon é o seu filho?”. Faz que sim e continua.


    - E o malandro quis se engraçar com ela, ela com o Deleon nos braços! -, sem perguntar, faço a relação de que talvez ela também tenha se engraçado com o malandro. Ele vai em frente: “Perguntei se ele sabia de onde eu era: ‘Rio de Janeiro, moro na favela’. Dei lhe uma lição.”


    - Quiseram defender, mas no fim todo mundo me deu razão. Ela com o Deleon nos braços!? -, repete desolado, como quem diz: “Imagina só!”. Descobrimos que ele, apesar da mágoa que parece sentir, e provavelmente da que tenha causado à companheira, ainda é casado com ela. “Você me desculpa. Falo pra ela até hoje: ‘a vida ensina’.”


    O papo está bom. Olhamos um para o outro sorrindo. “Que figura rara! E que amor real!”, penso e imagino ter pensado ela também. A hora já vai adiantada, o sono já vencendo, peço a saideira e tento, sem sucesso, repetir o refrão.


    - Como é que é: ‘A razão da vida...’.


    - A lição da vida vai lhe ensinar a razão do viver -, corrige para que eu, enfim, memorizasse. Aperto sua mão.


    - Como é o nome do senhor?


    - Jaime.


    - E da sua senhora?


    -Sandra. Desculpa qualquer coisa.


    - Que nada. Prazer conversar com o senhor!


    Lição da vida aprendida, vamos embora.



    * Trecho adaptado da música Chiclete com Banana - Jackson do Pandeiro

  4. A minha “mídia” sou eu

    6 de setembro de 2011

    Assisti recentemente à palestra do filósofo, pensador contemporâneo, Pierre Lévy. É atualmente um dos mais respeitados teóricos que falam das novas mídias (internet, redes sociais, hipertextos, enfim, o universo digital). Em resumo, ele acredita na idéia de que estes novos meios de comunicação e seus dispositivos eletrônicos estão se tornando a extensão do próprio corpo do homem-usuário.


    Aqui no blog estava criando uma lista das “10 melhores músicas/artistas musicais para compartilhar” (o tão famoso botão “Share” do Facebook e outros aplicativos). A criação dessa seleção de artistas, como puderam acompanhar nos últimos meses, me mostrou como nos últimos tempos a afirmação do título desse post é cada vez mais uma realidade pra mim.

    Meus relacionamentos, meus gostos, meus ouvidos e olhos abertos à tudo o que está à minha volta... Eu sou a minha própria mídia.

    A mídia que dita tendências, cria modas, “faz a cabeça”, o uso mais corriqueiro deste termo, está migrando das mãos dos grandes veículos de massa para cada um de nós. Dos artistas que citei na minha lista, poucos tinham grande penetração nos meios tradicionais de comunicação populares, que até algum tempo atrás, se não ditavam, pelo menos orientavam meus gostos.

    Estes me abriam um leque de opções reduzido ao que já “existia” e já tinha “dado certo” e algumas poucas “novidades” que seguiam certo “padrão” de qualidade: o “pop” no sentido pejorativo da palavra. É fato que desde sempre, muita gente já apresenta gostos musicais diferentes daquilo que está “na moda”. Também é fato, porém, que agora ficou mais fácil e democrático “ser diferente”.

    Muitos afirmam que Pierre Lévy consegue exercitar em seus livros o dom da premonição. De fato ele “previu”, em meados dos anos 1990, vários dos acontecimentos que mexeriam com a vida de todos no novo milênio. Desde o mundo dos negócios, até o mundo dos relacionamentos íntimos, tudo está sendo transformado pelos avanços da web – a “grande rede”.

    Verdade que ainda existe uma grande parcela da população segregada dessas transformações. O próprio Lévy não nega a existências desses “marginais tecnológicos”, entretanto, como ele afirmou na palestra que tive o prazer de assistir, os números mostram que esta diferença está diminuindo, com tendência a deixar de existir.

    Para o filósofo, a interação é a base de tudo o que se almeja na internet. Segundo afirma, ainda não se chegou ao grau de interação total, mas muitos avanços aconteceram. Lévy criou a idéia da “web semântica”, que seria um nível mais elevado dessa interação. Na verdade, já existem centros de pesquisa pelo mundo trabalhando no desenvolvimento da ferramenta.

    Já imaginaram um mundo onde tudo o que há, desde pessoas, até objetos, bens de consumo, obras de arte, etc. “exista” também dentro da rede? Ouviram falar do “avatar” do Second Life? Pois é esta a idéia do cara.

    A minha lista de artistas para dividir - ainda que dentro das limitações dessa “web não-semântica” - é um sinal dessa interação. Traz artistas que fazem sentido pra mim e um grupo de pessoas que se relacionam comigo, que por sua vez se relacionam com outras pessoas na web, que numa das pontas desta rede ouviram um artista com músicas postadas em seu blog, myspace ou canal no youtube, ou simplesmente “pirateado” de um CD emprestado. Pelo menos 3 dos artistas citados disponibilizam as músicas gratuitamente para baixar pelo site Trama Virtual.

    O que mais me marcou da apresentação de Pierre Lévy, foi a compreensão de que o homem está tentando, cada vez mais, com as permissões das tecnologias, reproduzir aquilo que ele é na web. Só que de maneira ampliada, com possibilidades infinitas. O projeto da “realidade virtual” nada mais é do que poder ver, ouvir, falar, interagir e até sentir o que não pode estar ali de fato.

    Fiquei deslumbrado recentemente, com e-mails de amigos que me mandavam links para uma viagem em 360º pela capela Sistina ou o Santo Sepulcro. “Fui” ao outro lado do mundo ao abrir minha caixa de entrada. Imaginem quando estiverem mais acessíveis financeiramente as tecnologias 3D para o meu laptop!

    Terminei minha lista com a sensação de ter “criado” a minha própria “tendência”. Para mim mesmo mais do que para os outros, que provavelmente não vão gostar de tudo o que ouviram por aqui. Mas utilizando as tecnologias, consegui transportar um pouco de mim para este veículo interativo de possibilidades quase infinitas que é a web. É a mídia que cada um de nós está construindo.


    Ps.: confiram a lista nos posts abaixo:

  5. "Pra lá de pra frente" é Roberta Sá, cantora que ganha o primeiro lugar na minha lista de músicas pra dividir. Ela diz preferir ouvir ou ler em críticas que é "ótima" ao invés de "bonita". Pra mim é os dois.

    Foi realmente um achado prazeroso a recente obra dessa ótima e bonita cantora e compositora da nossa música. Além de regravar vários nomes consagrados da MPB, essa moça compõe que é uma beleza.

    Roberta Sá foi eliminada do Fama (programa da rede Globo), mas conquistou a fama. Ela, porém, não precisa ser famosa. Pois é artista, de verdade!

    Em parceria com o marido Pedro Luís - dos grupos musicais Monobloco e Pedro Luís e a Parede - ela fala sobre o tempo na bossa novíssima "Janeiros", sua primeira composição: Já passaram dias, inteiros/Janeiros, calendário que nunca chega ao fim/Início sim e só recomeçar.

    Tem uma "lista" de novos compositores que parecem escrever sobre medida pra ela como, por exemplo, Carlos Rennó (autor de "Fogo e Gasolina"), Moreno Veloso e Quito Ribeiro (de "Mais Alguém") e o próprio Pedro Luís.

    Entre as regravações, músicas que consegue transformar em novas, ela tem um "favorito": Chico Buarque. É dele a música escolhida para abrir esse texto, "Essa moça tá diferente". Parece que foi feita pra ela. De Chico, Roberta também transforma "Pelas Tabelas" e canta, em dueto com o próprio compositor, a ótima "Mambembe".

    Canções antigas parecem contemporâneas quando cantadas por ela. Roberta Sá tem essa capacidade com sua voz doce, poderosa, afinada e marcante. Inesquecíveis regravações de Dona Yvonne Lara em "Cansei de esperar você" (transformado em um novo bolero), Dorival Caymi em "A vizinha do lado" (cuja letra remonta à própria Roberta que consegue "mexer com o juízo do homem que vai trabalhar", com todo respeito).

    Poderia ficar escrevendo sobre suas canções, em pouco tempo já inesquecíveis pra mim, por mais uns 10 posts. Mas prefiro sugerir que confiram vocês mesmos o repertório fora de série de Roberta Sá.

    Duas de minhas favoritas: