Legião Urbana sempre foi a banda mais tocadas nas rodas de
violão da minha adolescência. E, entre tantas outras, uma daquelas músicas da
banda brasiliense sempre me intrigou pelo tema tão adulto tratado de forma tão
simples. Não entendia como a vida funcionava, mesmo assim, imaginava que
poderia ser como dizia aquela canção.
Os versos de “O Mundo anda tão Complicado” soavam como um
destino inevitável para mim. Eu que, mesmo sabendo da distância que me separava
daquela sina derradeira, já vislumbrava um dia a vida de casado, esposa, filhos
(quem sabe)...
Acontece que o momento da música chegou pra mim, exatamente
há duas semanas atrás, quando concretizei o sonho adolescente de construir uma
família com a pessoa escolhida, que também me escolheu. Desde então, as coisas
vem acontecendo um pouco como na música.
Vê-la dormir que nem criança com a boca aberta. E vê-la
acordar não tão arrumada, como quase sempre a via nos tempos de namoro, e mesmo
assim achá-la linda (mesmo que ela duvide disso!).
Deixei a segurança do meu mundo por amor. Ela deixou a
segurança do mundo dela pelo mesmo motivo. Talvez isso explique a estranheza
que tenho sentido nesses primeiros dias de vida juntos. Não uma estranheza
ruim, apenas uma estranheza. Os amigos casados falam que é assim mesmo.
Éramos dois em nossas individualidades, que às vezes se encontravam
pra namorar. Agora somos dois tendo que dividir nossas individualidades, ceder
em prol de objetivos comuns. Ainda que as individualidades continuem lá. Vi
gestos de respeito a elas, por parte dos dois, nesses primeiros dias juntos, e
espero que isso se mantenha assim.
Até que é fácil acostumar-se um com o jeito do outro. Apesar
de saber que o mundo anda tão complicado. Ainda mais morando em uma cidade
grande. Longe da maioria dos amigos e da maioria da família.
E como diz a música, a “mudança grande” tá chegando aos
poucos. Além da grande mudança que é, simplesmente, casar-se. Terça-feira
buscamos a televisão. Sexta chegou a máquina de lavar. Por enquanto,
ainda precisamos dormir no chão, pelo menos até que termine a reforma que começamos
faz alguns meses. Até que é bom!
Escolhemos cor de tinta. Ela fez um pavê pra mim. Eu fiz um
strogonoff pra ela. Fomos à casa dos amigos pra esquecer um pouco do trabalho, ficar
de bate-papo. Ainda não dá pra fazer uma feijoada, mas prometemos em breve. Cheguei
tarde do trabalho. Ela me esperou. Caminhamos no Flamengo. Compartilhamos
carinho e rotinas.
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