A vida do líder africano Nelson Mandela não caberia em uma
trilogia, quanto menos em um único filme. Recentemente, duas inspiradas e inspiradoras
produções americanas, A luta pela
liberdade (Goodbye Bafana) - 2007 e Invictus
– 2009, retrataram parte da biografia do ex-presidente, símbolo da resistência ao
apartheid (regime de segregação racial adotado entre 1948 e 1994 na África do
Sul) e referência mundial na luta contra o racismo.
Apesar de não esgotarem as facetas dessa figura tão
importante para a história contemporânea, os filmes mostram em meio aos dramas
vividos pelos personagens centrais, momentos cruciais da biografia de Madiba (o
apelido carinhoso de Mandela que remete ao clã da qual sua família descende). O
primeiro termina no momento em que Mandela ganha a liberdade, em 1990, depois
de 26 anos na prisão. O segundo começa justamente com cenas de Mandela sendo
solto e se tornando presidente da África do Sul.
Portanto, são filmes que, mesmo não sendo continuações oficiais,
servem muito bem à transição entre os dois períodos da história do líder
africano. E as semelhanças entre as narrativas vão além do fato de tratarem da
biografia de uma única personalidade. Ambos têm como co-protagonistas homens
brancos que veem suas vidas serem modificadas pelo relacionamento marcante com
Mandela. É a metáfora para a influência de Mandela nas transformações ocorridas
em seu país.
A luta pela liberdade
conta a história de James Gregory (Joseph Fiennes), um típico branco
sul-africano, que enxerga os negros como seres inferiores, assim como a maioria
da população branca que vivia na África do Sul sob o apartheid dos anos 60.
Crescido no interior, ele fala bem o dialeto Xhosa. Exatamente por isso, não é
um carcereiro comum: atua, na verdade, como espião do governo com a missão de
repassar informações do grupo de Nelson Mandela (Dennis Haysbert) para o
serviço de inteligência.
A convivência com Madiba, porém, cria um forte laço de
amizade entre eles e transforma James em um defensor dos direitos negros na
África do Sul. Dirigido por Bille August, é um filme que apela para relatos mais
objetivos dos fatos, sem cenas de forte apelo emocional ou ufanismos que
engrandeçam a figura dos protagonistas.
Numa das melhores cenas de Goodbye Bafana, Mandela e James se aproximam ainda mais relembrando a infância de ambos num jogo/luta tribal.
A proximidade da Copa do Mundo de Rúgbi (o esporte mais
popular na África do Sul), pela primeira vez realizada no país, dá a Mandela a
ideia de usar o esporte para tentar unir a população. Para tanto, chama o
jogador Francois Pienaar (Matt Damon), capitão da equipe sul-africana, para uma
reunião e o incentiva a levar a seleção nacional ao campeonato. Pienaar vira um
aliado de Mandela na empreitada e acaba lutando por algo muito maior do que a
vitória nas partidas: ele consegue fazer com que os jogadores, até aquele
momento todos brancos, aceitem jogar ao lado de atletas negros. E com isso, representar
que era possível a convivência e cooperação entre pessoas de cores de pele
diferentes.
A trajetória de Nelson Mandela provavelmente dará outros
bons filmes, já que sua história apresenta fatos singulares que chamam a
atenção. Assim como outras personalidades históricas importantes, há em sua
biografia fatos contraditórios, como a conduta de pessoas próximas a Mandela
(entre elas uma de suas ex-esposas, Winnie, envolvida em vários escândalos
políticos). Nada, porém, que diminua seu valor para os direitos humanos.
Uma das últimas cenas de Invictus, quando a seleção de Pienaar vence e negros e brancos torcem e comemoram juntos
Com sinopses do site www.adorocinema.com
Não assisti ao primeiro, vou procurar. Já Invictus é realmente mais um belo filme do Clint Eastwood, com Morgan Freeman vivendo um Mandela perfeito.
Também sou fã do ex-presidente sulamericano. Com certeza, rende outras belas biografias...