*Escrito especialmente para o blog da Verinha (Oi Preguiça).
Sempre associei viajar a São Paulo com “comprar” e “resolver problemas de documentação”. Fluminense por nascimento e carioca por opção (moro na cidade do Rio de Janeiro há prazerosos 6 anos), confesso que olhava para a Terra da Garoa com uma certa indiferença. A cidade nunca me foi atrativa, como não era para o baiano Caetano Veloso que cantou os seguintes versos sobre:
“É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas”
Acontece que, recentemente, precisei ir à cidade a trabalho. Como era um fim de semana e estava acompanhado por bons amigos, entre um compromisso e outro pude conhecer um lado novo de Sampa, pelo menos pra mim.
Primeira parada: compras
Como não poderia deixar de ser, meu roteiro em São Paulo começou, claro, pelas compras. Sábado de manhã fomos até a região do Brás comprar roupas e assessórios de marcas conhecidas a “preços de atacado” como costumam dizer.
Fiz uma parada gastronômica nas carrocinhas espalhadas nas proximidades da Rua Maria Marcolina para comer milho cozido e pamonha. Depois desci até a Rua Oriente, onde estão concentradas as principais lojas.
Dica para o mochileiro(1): grande parte dos estabelecimentos de roupas não tem provador, ou seja, os clientes não podem experimentar. Na verdade, por conta do objetivo principal das lojas que é vender “no atacado”. O preço compensa, mas se prepare para uma compra às escuras.
Segunda parada: à noite, boteco e show musical
A intensidade cultural de Sampa chega a ser impressionante. Shows, teatro, cinema, exposições, boates, tudo com uma diversidade singular entre as capitais brasileiras, estimulado pelos paulistas, que dão um show no quesito “consumo cultural”.
Fui ao ótimo show do cantor e compositor Emerson Leal, no teatro Juca Chaves, bairro Itaim Bibi. Merece uma atenção especial a programação desse teatro, sempre muito variada e de qualidade.
Dica para o mochileiro (2): Acompanhe o site Catraca Livre, uma iniciativa de jornalismo comunitário que reúne os principais eventos culturais gratuitos na cidade.
Mais tarde fomos ao Bar Genésio, localizado em um dos pontos de encontro mais conhecidos da noite na Paulicéia Desvairada: a Rua Fidalga no bairro Pinheiros. O local mistura a informalidade dos botecos com a sofisticação gastronômica das cantinas italianas. Acompanhando os chopps gelados pedimos uma boa massa como aperitivo.
Terceira parada: As delícias do Mercado Municipal
O café da manhã de domingo foi especial no Mercado Municipal, localizado em um dos corações da cidade, a Sé. Os sanduíches de pão francês com ingredientes os mais diversos (mortadela, queijos, presuntos variados, hortaliças e molhos) e os pastéis "tamanho família" são indispensáveis.
Nas diversas quitandas espalhadas pelo mercado a dica é pedir uma prova das frutas exóticas ou não, de diversas regiões do país, sempre frescas e saborosas. Comemos Dekopon (deliciosa mistura de laranja com tangerina), Pitaya Rosa e Branca (de textura parecida com Kiwi), Ameixas diversas, entre outras, e levamos algumas pra casa.
Quarta parada: Feira da Liberdade
O bairro que abriga imigrantes de descendência japonesa foi um dos passeios mais interessantes em São Paulo. Artesanato, Origamis, Bonsais, entre outros objetos podem ser adquiridos a preços atrativos. A parada obrigatória foi na barraca de Guioza, um tipo de pastel japonês grelhado com recheio de carnes diversas e aqueles molhos orientais que, todo mundo sabe, são uma delícia.
Quinta Parada: Almoço napolitano
Nossos guias na capital paulistana acertaram em terminar nosso fim de semana em uma das típicas cantinas que servem vinho e comida italiana, especialidade na cidade. Fomos ao restaurante Vico d'O Scugnizzo (nome que no dialeto napolitano significa “Beco do Moleque de Rua”). Lá pudemos conhecer um pouco sobre um povo sonoro e alegre, através da arquitetura, da música (em apresentação ao vivo com canções típicas) e da tradicional cozinha napolitana.
Dica para o mochileiro (3): A ampla malha metroviária da Terra da Garoa permite um deslocamento barato, fácil e rápido pelos bairros deste roteiro. Procure fazer tudo, ou quase tudo, de metrô.
Sexta e última parada: Beco do Batman
No fim do passeio, fizemos ainda uma ida rápida ao Beco do Batman, como é mais conhecida a Rua Gonçalo Afonso, na Vila Madalena. Uma verdadeira galeria a céu aberto, a viela passou a ter seus muros e paredes de casas grafitadas ainda na década de 1980. Contam que a área estava em decadência e a arte urbana foi a responsável por tornar o local um dos novos pontos turísticos da cidade. Vale muito a pena conferir a “energia criativa” do Beco do Batman.
Como o mochileiro pode notar, foi um final de semana regado a muita comida boa e passeios interessantes. Não deixamos de curtir opções culturais, mas o melhor de tudo foi conhecer Sampa com novos olhares.
“Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa” (Caetano Veloso)
As fotos desse post foram feitas por Renam Brandão.
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