A música cantada e tocada na língua inglesa está tão ou mais
presente na vida dos brasileiros quanto a música de nossos conterrâneos. Muito
por conta de um processo histórico de aquisição de cultura pelo nosso país, que
sempre recebeu entusiasticamente “de fora” manifestações artísticas diversas. Especificamente a música de raízes anglo-saxônicas, por sua vez, ganhou força nos moldes atuais, mais
expressivamente em decorrência de um processo de expansão cultural norte-americano
a partir de meados do século passado (também por influência de uma
pressão político-ideológica da época).
O fato é que, para muitos brasileiros, a música cantada em
inglês soa com muito mais fluidez aos ouvidos do que canções lusitanas, por
exemplo. Em geral, nossa geração atribui qualidade superior aos sons da Billboard. Sou um
apreciador declarado da música tupiniquim e procuro entrar em contato com
músicas de outras línguas, que não a inglesa, sempre que possível. Mas ao sintonizar nossas rádios –
uma das formas que tenho de ficar “antenado” no que está acontecendo no mundo da
música –, a predominância anglo-saxã é evidente.
De tempos em tempos, entre centenas de pops pasteurizados e outros
milhares dances contagiantes (e uniformes), surgem sons
que me chamam atenção pelo inusitado, pela possibilidade de ser algo inovador (ainda que, no fundo, nem seja tão novidade assim) e fora
das fórmulas para o “sucesso garantido”. Tem sido assim com um som que sempre me chamou a atenção e recentemente descobri se tratar da música Folk (da palavra folclórica mesmo), atualizada em Folk-Rock ou Folk-Pop.
Um dos expoentes e responsáveis por influenciar este estilo é Bob Dylan, um dos grandes músicos norte-americanos, que despontou
para o sucesso na década de 1960, e cuja música carrega influências de Blues
e Country.
(Ouça alguns dos clássicos do Folk-Rock de Dylan enquanto lê este post, para você saber do que estou falando!).
(Ouça alguns dos clássicos do Folk-Rock de Dylan enquanto lê este post, para você saber do que estou falando!).
Recentemente, conseguiu espaço nas rádios brasileiras (sem grandes destaques) a
banda The Lumineers, de Nova Jersey, que lançou álbum homônimo de estreia em
2012. Além da contagiante canção “Ho Hey”, sucesso que garantiu ao grupo estar
listado entre as 10 maiores vendas nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido no
ano passado, o disco traz outras pérolas musicais, como “Stubborn Love”, “Submarines”,
só pra citar algumas entre tantas.
(Continue ouvindo, agora o som dessa banda, e veja se não é realmente diferente e bom de ouvir)
(Continue ouvindo, agora o som dessa banda, e veja se não é realmente diferente e bom de ouvir)
Entre outras bandas que fazem sucesso relativo dentro do
universo deste rótulo musical estão a Mumford and Sons, esta inglesa de
Londres, muito querida entre os brasileiros que gostam de descobrir música pela
internet. Outros que chamam a atenção são os americanos do Vetiver, grupo com ótimas canções, entre elas a quase country
“Hook e Ladder” ou a pop “More of this”.
Folk à moda brasileira
No Brasil, o Folk também influenciou bandas do chamado universo
“indie”, que ganhou a cena musical nos últimos anos com o crescimento da relevância da
internet como difusora cultural. Música brasileira com referências anglo-saxônicas
ou música de língua inglesa cantada em português – vai depender do grau de crítica
que seu ouvido faz à músicos nacionais que bebem da fonte estrangeira –, o Vanguart
é o maior expoente nacional desse gênero atualmente (num passado não muito
distante, podemos considerar o som de Raul Seixas e Mutantes, com alguma proximidade com o estilo de Dylan).
Desde os primeiros acordes da banda, passando pelo primeiro
disco “Vanguart”, lançado em 2007 (cantado parcialmente em inglês), até o mais
recente e ótimo "Boa Parte de Mim Vai Embora", de 2011 (este predominantemente em português), a influência do Folk-Rock é
evidente. Em canções do primeiro - como “Semáforo” , “The last time I saw you”
- ou do segundo – mais rock com “Se tiver que ser na bala, vai”, mais melancólico em “Nessa cidade”, ou flertando com referências
latinas em “Mi vida eres tu” – encontramos o Folk à moda brasileira.
O estilo, como remete a própria raiz etimológica da palavra - resultado da sabedoria popular (folk lore) -, era a música feita fora dos círculos da alta cultura urbana. Em nossa aldeia global, o Folk-Rock/Folk-Pop também corre às margens dos holofotes do 'mainstream' (ou aportuguesando a expressão: indústria cultural), e, apesar de ter algumas exceções radiofônicas, ainda é propagado, sobretudo, por meios alternativos de difusão cultural.
Ouça outra lista variada com bandas citadas neste post, e
outras que não foram:
https://soundcloud.com/gabriel-araujo-16/sets/folk-rock-e-folk-pop
https://soundcloud.com/gabriel-araujo-16/sets/folk-rock-e-folk-pop
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