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  1. XIII*

    28 de agosto de 2012


    Renova-te.
    Renasce em ti mesmo.
    Multiplica os teus olhos, para verem mais.
    Multiplica os teus braços para semeares tudo.
    Destrói os olhos que tiverem visto.
    Cria outros, para as visões novas.
    Destrói os braços que tiverem semeado, 
    Para se esquecerem de colher.
    Sê sempre o mesmo.
    Sempre outro.
    Mas sempre alto.
    Sempre longe.
    E dentro de tudo.

    Cecília Meireles

    *Poesia publicada no livro póstumo da escritora, de 1982, com trechos de textos não finalizados, alguns sem títulos, como este aí que recebeu uma numeração aleatória. Fico imaginando se ela os tivesse finalizado. A foto é deste blogueiro e foi tirada no ano de 2006, em Roma (Itália).


  2. Confesso que sair sozinho no estilo "Independentes Futebol Clube", como diria uma amiga, nunca foi a minha praia. Mas a proposta que me fez um blog na internet era tão tentadora que arrisquei (e no fim das contas acabei na boa companhia de amigos). Acontecia o Borboun Street Fest, no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, Rio de Janeiro, na noite da última segunda-feira, dia 13/08.

    O festival que traz músicos de Nova Orleans (New Orleans) para tocar em terras brasileiras era a boa pedida para quebrar a rotina sono-televisão-cama de todas as segundas-feiras.

    Havia convidado amigos, mas um furou, o outro desanimou, este estava trabalhando, aquele eu não tinha certeza se ia... E assim minhas companhias foram ficando pra trás no caminho do metrô até o local da apresentação. Pensei em desistir, afinal de contas, “nunca foi a minha praia”: prefiro a combinação boa música + boa companhia.

    Ao chegar ao destino, porém, o soul contagiante de Tony Hall e sua banda me fez querer ficar. A estrutura de som do local fazia as músicas soarem perfeitamente aos meus ouvidos leigos. Dava pra distinguir sons de baixo e cada um dos diferentes naipes de metais (sax, trompete,...).

    Não era novidade para Tony Hall, que havia tocada aqui anos antes, mas a energia boa do público chamou sua atenção. O músico que já tocou com Bob Dylan e Stevie Wonder, só pra citar alguns, soube ser simpático: “Acho que vou me mudar pra cá”, disse. E soube empolgar o público presente com seus grooves dançantes de músicas como All Night Long, Smooth (Santana) entre outras.

    O pai com a criança sobre os ombros, o casal de cinquentões, todos balançando o corpo num clima de baile funk (o baile funk original!) me fez esquecer que não estava acompanhado e até arriscar uns passos tímidos. Quem me conhece sabe que meu embaraço dos primeiros contatos não me permite a desenvoltura de puxar assunto com estranhos.

    Com o fim deste show acabara também meus momentos de “solidão na multidão”. Aquele amigo que eu não tinha certeza se ia resolveu aparecer e me acompanhar na cervejinha de segunda-feira. Depois foram chegando os amigos do amigo.

    Queríamos ouvir a atração principal da noite: a banda globalizada Playing for Change formada por artistas de diversas partes do mundo. O grupo que “Toca por uns Trocados” (livre tradução para o nome da banda) era a metáfora para o estilo New Orleans, onde é tradição bandas tocarem nas ruas por gorjetas.


    A mistura de percussão, gaita, instrumentos de corda e piano dá o tom ao repertório da banda – surgida a partir de um documentário com artistas de rua do mundo todo, rodado em 2004. As vozes de soul contemporâneo dos músicos mais jovens, Titi Tsira (voz feminina) e Clarence Bekker (voz masculina), contrastam com o timbre blues antigo do veterano Grandpa Elliot, músico portador de deficiência visual.

    Quem esteve lá sabe dos momentos de catarse coletiva em músicas como Three Little Birds (Bob Marley), e Stand By Me (ou “Fica comigo” na versão abrasileirada do Playnig for Change para o clássico de Bem E. King imortalizado na versão de John Lennon). No fim das contas, valeu muito a pena sair da zona de conforto. Recomendo.

    Em tempo: O Bourbon Fest continua até dia 19 de agosto em cidades brasileiras. É só entrar no site pra conferir.

  3. Saiu post novo no blog Oi Preguiça. Visitem: http://oipreguica.com/sempre-na-estrada-deixe-apenas-pegadas-leve-apenas-lembrancas/


  4. “A função da imprensa é ser o cão de guarda público, o denunciador incansável dos dirigentes, o olho onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade.”

    “Para combater a liberdade de imprensa é preciso defender a imaturidade permanente da espécie humana.”

    “Uma imprensa censurada é ruim mesmo se produzir bons produtos. Uma imprensa livre é boa mesmo quando produz frutos ruins.”

    “A imprensa em geral é a consumação da liberdade humana.”


  5. Não é de hoje nem de ontem, que o Rio de Janeiro é um dos expoentes culturais palco de convergência das mais diversas referências musicais brasileiras. E foi esta pluralidade que permitiu que dois promissores músicos da MPB, de diferentes lugares do país, fizessem juntos o pré-lançamento de seus respectivos CDs. No show “Da Bahia a Minas”, que marcou as noites de terça-feira durante o mês de Julho, no bar Semente, na Lapa, Emerson Leal, o baiano, e César Lacerda, o mineiro, apresentaram ao público suas composições.

    Em um primeiro momento a mistura de tão diferentes referências pode soar improvável, como pão de queijo e acarajé. Mas no palco a distância geográfica se dilui e a originalidade musical de ambos faz do show um momento de celebração da MPB.

    Emerson Leal vira “músico da banda” de Cesar Lacerda e vice-versa. As canções, composições próprias de ambos que serão lançadas em álbuns distintos até o final do ano, são apresentadas aos ouvidos curiosos e atentos da plateia presente no espaço localizado aos pés dos arcos, no bairro boêmio carioca.

    A primeira parte do show fica por conta de César Lacerda, mineiro de Diamantina, que já participou de projetos como o “Por um passadomusicável” e “Coletivo Abgail”, de repercussões relativas na internet e nos palcos da cena alternativa Brasil afora.

    As canções autorais de César, algumas delas já disponíveis em EP no Musicoteca, ganham roupagem acústica bem diferente dos arranjos conhecidos. A originalidade das experimentações sonoras presentes no EP em canções como “Herói” e “Namorin”, dá lugar à crueza da “voz e violão” (com um pouquinho de percussão em alguns momentos) e o tom intimista das composições prevalece. O mineiro até se arrisca em compartilhar: “essa (música) foi feita em homenagem a uma prostituta portuguesa que conheci em Lisboa”.

    Esquentando a segunda parte da noite, Emerson Leal chega com sua música de referências diversas e tons coloridos. Seu repertório que remete a vários estilos musicais é recheado de boas composições assimiláveis em termos de conteúdo – letras que contam situações com as quais qualquer um se identificaria –, mas que fogem a obviedades na forma. A sonoridade das palavras ganha peso em suas composições que, por isso, se arriscam em neologismos de expressões como “me love-me”. O efeito surpresa é outro recurso poético presente em canções como a divertida “Blues da Vampira”.

    Soteropolitano radicado no Rio de Janeiro, Emerson tem a musicalidade na sua formação.  Músico intuitivo, montou show próprio intitulado “Arte final”, apresentado em teatros na capital Baiana, no início dos anos 2000. A participação na extinta banda de blues tupiniquim Oda Mae Brown possibilitou ao compositor explorar um tom descontraído, ecoado hoje em algumas de suas atuais poesias musicadas.

    Sua participação como músico em shows e gravações de diversos artistas da cena da MPB rendeu parcerias com nomes como Tom Zé e Luiz Tatit. Parcerias estas que, promete, “estarão registradas no CD de estréia”, antes de emendar a bonita composição em conjunto com Tatit “Das dores e das flores”.



    Os duetos de César e Emerson no final do show para levar, além de canções autorais, músicas de Caetano Veloso e Chico Buarque (só para citar dois deles) apresenta uma amostra do vasto universo de referências que influenciaram musicalmente seus repertórios. A participação da cantora e compositora também estreante Luiza Brina foi um regalo a mais para quem já estava satisfeito por ter ouvido amostras de MPB de qualidade ao longo da noite.