O espetacular novo álbum d’O Teatro Mágico foi lançado recentemente. O título do álbum é uma citação à famosa obra do filósofo Guy Debord, publicado pela primeira vez em 1967. Debord é marxista e ‘A Sociedade do Espetáculo’, o livro, é uma crítica à sociedade contemporânea, principalmente à comunicação de massa que dita os acontecimentos e transforma cultura em produto de consumo. Para ele, os fatos só passam a existir na ‘sociedade do espetáculo’ se forem veiculados na mídia. Aquilo, ou aqueles, que não estão na mídia não ‘existiriam’.
O release de lançamento do novo CD da troupe fala que a linha filosófica do álbum é a obra de Guy Debord. Seria pretensão? Por um lado, se formos parar pra pensar a internet, usada pelo Teatro Mágico para divulgar sua obra é outro dos meios de comunicação de massa. Ora, se fosse pra criticar a mídia massificada, porque usá-la como meio de propagação?
Por outro lado, porém, há quem defenda (este blogueiro, por exemplo) que a internet é um veículo de comunicação diferenciado, que permite ao usuário criar suas próprias formas de receber e descartar as informações. Neste caso quem acessa tem certa liberdade na escolha das fontes de informações e nos conteúdos e não fica a mercê daquilo que é ditado por um grupo de proprietários dos meios de comunicação.
Principalmente em duas canções de ‘A Sociedade do Espetáculo’, o álbum, vemos a ideologia da espetacularização sendo criticada: “Amanha... Será?” que traz o verso, digamos profético “o post é voz que vos libertará”, tem um ótimo clipe só com imagens da TV Al Jazeera sobre as guerras árabes, intencionalmente utilizadas com o objetivo de mostrar “outra visão” dos acontecimentos naquela parte do mundo.
Os conflitos mais recentes foram marcantes por mostrarem o poder das redes sociais para a mobilização. E de fato a visão ocidental sobre a situação naquela área está limitada à linha editorial dos informes das grandes agências de notícias americanas e européias.
A outra canção, também com tom crítico à ‘sociedade do sensacional’, se chama “Esse mundo não vale o mundo” e traz versos como: “A impostura cega, me surda e muda”, “agonizo um povo estatisticamente” e “Somos massas e amostras”.
No restante do álbum, porém, nada lembra a obra de Debord. Algumas músicas levantam questões sociais importantes como a disputa pelas terras consideradas improdutivas, a necessidade de repartir ou a autonomia feminina. Outras falam de amor, simplesmente. Outras ainda versam, com certa profundidade, sobre questões existencialistas. Duas são novas versões de antigos sucessos da própria banda que não haviam entrado em nenhum CD: um chamego para os fãs.
Deixo vocês com alguns links interessantes relacionados à esta minha “crítica-comentário”.
- A versão e-book do livro A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord: http://www.arq.ufsc.br/esteticadaarquitetura/debord_sociedade_do_espetaculo.pdf
- Uma ótima matéria do portal IG falando sobre as canções faixa a faixa: http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/musica/faixa+a+faixa+exclusivo+do+novo+album+do+teatro+magico/n1597084637920.html
- O álbum pra baixar disponibilizado pela própria banda gratuitamente na internet: http://tramavirtual.uol.com.br/o_teatro_magico/
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A Sociedade do Espetáculo, o álbum
8 de novembro de 2011
Postado por Unknown às 12:16 | Sessões: comentários, música, opinião | Enviar por e-mail Postar no blog! Compartilhar no X Compartilhar no Facebook | |
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