Assisti recentemente à palestra do filósofo, pensador contemporâneo, Pierre Lévy. É atualmente um dos mais respeitados teóricos que falam das novas mídias (internet, redes sociais, hipertextos, enfim, o universo digital). Em resumo, ele acredita na idéia de que estes novos meios de comunicação e seus dispositivos eletrônicos estão se tornando a extensão do próprio corpo do homem-usuário.
Aqui no blog estava criando uma lista das “10 melhores músicas/artistas musicais para compartilhar” (o tão famoso botão “Share” do Facebook e outros aplicativos). A criação dessa seleção de artistas, como puderam acompanhar nos últimos meses, me mostrou como nos últimos tempos a afirmação do título desse post é cada vez mais uma realidade pra mim.
Meus relacionamentos, meus gostos, meus ouvidos e olhos abertos à tudo o que está à minha volta... Eu sou a minha própria mídia.
A mídia que dita tendências, cria modas, “faz a cabeça”, o uso mais corriqueiro deste termo, está migrando das mãos dos grandes veículos de massa para cada um de nós. Dos artistas que citei na minha lista, poucos tinham grande penetração nos meios tradicionais de comunicação populares, que até algum tempo atrás, se não ditavam, pelo menos orientavam meus gostos.
Estes me abriam um leque de opções reduzido ao que já “existia” e já tinha “dado certo” e algumas poucas “novidades” que seguiam certo “padrão” de qualidade: o “pop” no sentido pejorativo da palavra. É fato que desde sempre, muita gente já apresenta gostos musicais diferentes daquilo que está “na moda”. Também é fato, porém, que agora ficou mais fácil e democrático “ser diferente”.
Muitos afirmam que Pierre Lévy consegue exercitar em seus livros o dom da premonição. De fato ele “previu”, em meados dos anos 1990, vários dos acontecimentos que mexeriam com a vida de todos no novo milênio. Desde o mundo dos negócios, até o mundo dos relacionamentos íntimos, tudo está sendo transformado pelos avanços da web – a “grande rede”.
Verdade que ainda existe uma grande parcela da população segregada dessas transformações. O próprio Lévy não nega a existências desses “marginais tecnológicos”, entretanto, como ele afirmou na palestra que tive o prazer de assistir, os números mostram que esta diferença está diminuindo, com tendência a deixar de existir.
Para o filósofo, a interação é a base de tudo o que se almeja na internet. Segundo afirma, ainda não se chegou ao grau de interação total, mas muitos avanços aconteceram. Lévy criou a idéia da “web semântica”, que seria um nível mais elevado dessa interação. Na verdade, já existem centros de pesquisa pelo mundo trabalhando no desenvolvimento da ferramenta.
Já imaginaram um mundo onde tudo o que há, desde pessoas, até objetos, bens de consumo, obras de arte, etc. “exista” também dentro da rede? Ouviram falar do “avatar” do Second Life? Pois é esta a idéia do cara.
A minha lista de artistas para dividir - ainda que dentro das limitações dessa “web não-semântica” - é um sinal dessa interação. Traz artistas que fazem sentido pra mim e um grupo de pessoas que se relacionam comigo, que por sua vez se relacionam com outras pessoas na web, que numa das pontas desta rede ouviram um artista com músicas postadas em seu blog, myspace ou canal no youtube, ou simplesmente “pirateado” de um CD emprestado. Pelo menos 3 dos artistas citados disponibilizam as músicas gratuitamente para baixar pelo site Trama Virtual.
O que mais me marcou da apresentação de Pierre Lévy, foi a compreensão de que o homem está tentando, cada vez mais, com as permissões das tecnologias, reproduzir aquilo que ele é na web. Só que de maneira ampliada, com possibilidades infinitas. O projeto da “realidade virtual” nada mais é do que poder ver, ouvir, falar, interagir e até sentir o que não pode estar ali de fato.
Fiquei deslumbrado recentemente, com e-mails de amigos que me mandavam links para uma viagem em 360º pela capela Sistina ou o Santo Sepulcro. “Fui” ao outro lado do mundo ao abrir minha caixa de entrada. Imaginem quando estiverem mais acessíveis financeiramente as tecnologias 3D para o meu laptop!
Terminei minha lista com a sensação de ter “criado” a minha própria “tendência”. Para mim mesmo mais do que para os outros, que provavelmente não vão gostar de tudo o que ouviram por aqui. Mas utilizando as tecnologias, consegui transportar um pouco de mim para este veículo interativo de possibilidades quase infinitas que é a web. É a mídia que cada um de nós está construindo.
Ps.: confiram a lista nos posts abaixo:
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A minha “mídia” sou eu
6 de setembro de 2011
Postado por Unknown às 11:42 | Sessões: comentários, opinião, textos | Enviar por e-mail Postar no blog! Compartilhar no X Compartilhar no Facebook | |
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