Hoje é dia do talento “genético” dessa cantora que parece ter notas musicais ao invés de substâncias químicas em seu DNA. Hoje é dia da minha simpatia, quase amor, por essa grande intérprete da nossa música.
Já devem ter sacado das entrelinhas que falo de Maria Rita. A pequena Maria Rita, com voz de gigante, que passou por cima de preconceitos de alguns sobre sua filiação e semelhança natural com a mãe Elis Regina. Pseudo-críticos que quiseram depreciar o talento da moça com comparações de que “ela não canta como Elis”, “ela tenta imitar a mãe”.
Até posso entender essas afirmações, uma vez que sempre tentamos preencher o espaço deixado por artistas que nos atordoam vez ou outra com talento e força incomparáveis.
Já devem ter sacado das entrelinhas que falo de Maria Rita. A pequena Maria Rita, com voz de gigante, que passou por cima de preconceitos de alguns sobre sua filiação e semelhança natural com a mãe Elis Regina. Pseudo-críticos que quiseram depreciar o talento da moça com comparações de que “ela não canta como Elis”, “ela tenta imitar a mãe”.
Até posso entender essas afirmações, uma vez que sempre tentamos preencher o espaço deixado por artistas que nos atordoam vez ou outra com talento e força incomparáveis.
Maria provou, no entanto, que veio pra fazer a diferença e ocupar um espaço que é só dela. A herança musical dos pais da moça - o pai, César Camargo Mariano, também é músico - deve ter ajudado, mas principalmente no despertar da sensibilidade musical que pode ser estimulada pelo ambiente no qual a pessoa vive ou viveu.
Mas o talento, o dom que vem não sabemos de onde, Rita tem e é só dela. Voz, carisma, simpatia, beleza ao mesmo tempo simples e estonteante, timbres, musicalidade no corpo (assistam ao DVD Samba Meu para saber do que estou falando!).
Maria Rita canta novos e velhos compositores. De Rita Lee à Marcelo Camelo, de Milton Nascimento à Moska, ela faz bonito sempre que abre a boca diante de um microfone. Surpreendeu ao soar tão bem em experiências musicais inovadoras, como as cheias de referências de diferentes estilos de Marcelo Falcão e a banda O Rappa.
Encantou quando cantou sambas de todas as épocas em seus trabalhos mais recentes. Contribuindo para desbancar um pouco o preconceito que ainda persiste em excluir da mpb compositores sambistas talentosos da nossa MPB como Arlindo Cruz, entre outros.
À Maria Rita minha homenagem rasgada de elogios.
Num corpo só
Picolé/Arlindo Cruz
Eu tentei, mas não deu pra ficar sem você
Enjoei de tentar
Me cansei de querer encontrar
Um amor pra assumir seu lugar
É muito pouco,
Venha alegrar o meu mundo que anda vazio, vazio
Me deixa louco
É só beijar tua boca que eu me arrepio,
Arrepio, arrepio
E o pior
É que você não sabe que eu
Sempre te amei
Pra falar a verdade eu também
Nem sei
Quantas vezes eu sonhei juntar
Teu corpo, meu corpo
Num corpo só
Vem!
Se tiver acompanhada, esquece e vem
Se tiver hora marcada, esquece e vem
Vem!
Venha ver a madrugada e o sol que vem
Que uma noite não é nada, meu bem
Uma das minhas favoritas. Sobre essa questão da genética e convívio musical, uma vez li uma entrevista em que ela dizia que a "formação" musical em casa foi de maior responsabilidade do pai, do que da mãe, devido a pouca convivência que teve com esta.
Ótima análise!
Maria é Elis. E não apenas Elis. É mais que Elis. E, evidentemente, menos que Elis.
Não que ela imite Elis. Nunca quis. Nem precisa. Mas tem alguma coisa naquele timbre, naquela beleza, naquela musicalidade no corpo... que foi herdado, não se aprende em aula de canto. Está no DNA, quero dizer.
Adoro Elis. Adoro Maria Rita. E elas são incomparáveis - entre si e entre suas contemporâneas. Cada uma à sua maneira, são únicas.
A natureza nos deu de presente essas belezas. Que saibamos aproveitar!