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  1. PATUSCADA Grupo Jequitibá do Samba conduz roda que acontece uma vez por mês na ilha que é considerada o refúgio dos cariocas


    Gabriel Araujo
    O mar sempre inspirou sambistas de todas as épocas. E é num cenário que tem o mar como pano de fundo que, todo o terceiro domingo do mês, acontece a Roda de Samba em Paquetá. Conduzida pelo grupo Jequitibá do Samba, a roda leva centenas de pessoas ao Paquetá Iate Clube, situado na ilha que tem a fama de ser o refúgio do carioca.
    Divulgado no boca-a-boca e principalmente nas redes sociais pelas produtoras musicais Áurea Alves e Régia Macêdo, organizadoras e idealizadoras do Samba em Paquetá, o evento começa na viagem de barca que custa de R$ 3,10 (bilhete único) a R$ 4,50 (passagem avulsa), e sai da Praça XV com destino à ilha. O ideal, afirmam as organizadoras, é pegar a barca de 11h30, pois a patuscada começa às 14h em Paquetá, mas também há balsas saindo às 13h e às 14h30.
    O passeio de pouco mais de uma hora pelo mar da Baía de Guanabara é um alento para os olhos. Na paisagem, Rio de Janeiro, Niterói e um conjunto de belas ilhotas ao longo do percurso. Já no desembarque, vê-se o cenário bucólico de casas baixas com quintais espaçosos e arborizados, praça com igreja, além de adultos e crianças passeando de bicicleta e carruagem.
    A apresentação, sem sonorização - acústica -, é na beira do mar, como os versos da canção de Paulo César Pinheiro, compositor unanimidade entre os sambistas do Jequitibá do Samba: "Tem palma na beira da praia / Samba de roda na beira do mar".
    Para os músicos do grupo, tocar na ilha é inspirador. "Muita gente canta Paquetá", aponta o violonista Iuri Bittar. "É um momento de encontro entre amigos que tem o gosto pelo samba em comum e que imprimem suas influências naquilo que tocamos", completa.
    No repertório, sambas de compositores das escolas mais tradicionais como Mangueira, Portela, Salgueiro e Vila Isabel, mas há espaço para composições da nova safra, que surgem à margem do monopólio das grandes gravadoras. "Não tocamos apenas os sambas mais antigos. Tem muita gente escrevendo samba atualmente", pondera o percussionista Anderson Balbueno.
    O Jequitibá do Samba é formado pelos músicos Ronaldo Gonçalves (Cavaquinho e voz), Leonardo Pereira (Cavaquinho e voz), João Camarero (Violão 7 cordas e voz), Iuri Bittar (Violão 6 cordas e voz), Julião Rabello Pinheiro (Percussão e voz), Joao Gabriel Menezes (Cavaco e voz), Anderson Balbueno (Percussão e voz), Jeferson Scott (Percussão e voz), Marcos Tadeu (Percussão e voz), Magno Julio (Percussão), Bidu Campeche (Percussão) e Leo Careca (Percussão e voz).


    História cultural de Paquetá tem choro e samba
    NATIVO O músico Anacleto Medeiros, um dos principais representantes do Choro, nasceu e foi criado em Paquetá
    O Samba em Paquetá representa a continuidade de uma relação antiga do local com o ritmo musical. A produtora Aurea Alves, uma das idealizadoras do projeto, descreve que nas décadas de 40 e 50 integrantes das primeiras escolas de samba faziam da ilha seu local preferido para piqueniques aos finais de semana.
    No filme "Com minha sogra em Paquetá" (1961), com Dercy Gonçalves no elenco, há uma escola de samba que viaja de balsa até a ilha e depois faz um desfile pelas ruas do distrito. "Paquetá também tem sua história ligada ao Choro. Anacleto Medeiros, um dos mais importantes representantes do gênero, nasceu e foi criado ali", acrescenta.
    Na história mais recente, a cantora e compositora Cristina Buarque e o grupo paulista Terreiro Grande, realizaram rodas de samba na ilha. Cristina Buarque é moradora de Paquetá e inclusive uma das assíduas frequentadoras do Samba. "Acompanho este samba desde o início e gosto muito das músicas e da qualidade dos músicos que conduzem a roda", declara a musista.
    "A idéia dessa roda surgiu justamente  em uma entrevista que fiz sobre o lançamento do CD da Cristina (Buarque ) e Terreiro Grande. Naquele momento pensamos que seria legal fazer um samba ali em Paquetá", conta Aurea Alves.
    O samba começou em 2009 na calçada do Bar Tia Leleta (Bar do Zarur ou do Paulão), mas cresceu e mudou para o Iate Clube. "Somos duas produtoras que gostam de samba e, por isso, tocamos o projeto sem almejar retorno financeiro", afirma Régia Macêdo.


    SERVIÇO
    Dia: Todo terceiro domingo do mês
    Horário: 14 horas (barcas saindo da Praça XV às 11h30, 13h e 14h30)
    Local: Paquetá Iate Clube, Praia das Gaivotas, Paquetá
    Preço: Gratuito





    FOTOS: Pedro Verísssimo

    Publicada na edição 44 do jornal Brasil de Fato, disponível no link: http://issuu.com/brasildefatorj/docs/44_web