15 de março de 2013

Por aquele apartamento


Por aquele apartamento já passaram mestrandos em história, concurseiros e micareteiros; socialistas, gays, lésbicas e simpatizantes, tucanos da extrema direita e peladeiros; católicos fervorosos, católicos, espíritas, músicos e bailarinos; maconheiros, loucos, amantes do samba e do rock; nerds, bêbados, engajados e alienados... Quantos rótulos!

Ele mesmo tenta entender, e a conclusão a que sempre chega é a de que cabe dentro daquelas quatro paredes uma parte da diversidade do mundo, talvez porque caiba na mente e no coração do anfitrião todo respeito a qualquer diversidade. 

Num determinado ponto de sua vida, ele chegou a conclusão de que valores e crenças que o afastavam das pessoas não valiam a pena. Valores e crenças que o estimulavam a prejulgar e condenar, mesmo sem intenção. Imaginava como poderia dizer que pessoas tão boas, que faziam pelo semelhante mais até do que ele com suas crenças e valores ditos "corretos", estariam excluídas.

Muitos se espantam e olham torto, com ar solene de preocupação. Deixam transparecer a veia do preconceito velado. Se esforçam por uma complacência desnecessária. Condenam em pensamento, provavelmente. Mostram o lado humano falho, que ele também possui. Segue sem importar com o que vão pensar. 

Ali, naquele pequeno espaço, batem papo, bebem suco, cerveja, falam sério, falam besteira e riem, debatem, discutem, se ajudam, desabafam. Brigam? Quase nunca. Ouvem música, fazem comida, se preparam pro carnaval. Aquele pequeno espaço, ali, virou, sem que ele quisesse ou esperasse, um reflexo de sua personalidade.


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